Arautos do mercado não dão trégua
Luciano Siqueira
Lula comemorou o aniversário com um café da manhã com jornalistas de todas as mídias.
(Gesto inimaginável pelo seu antecessor, o foribundo e desastroso capitão da reserva Jair Bolsonaro.)
Durante o café, em conversa informal, o presidente observou que não será fácil cumprir exatamente a meta do déficit público zero.
(Nem pensar que Bolsonaro fosse capaz de discutir economia com jornalistas, tamanha a sua ignorância sobre este e qualquer outro assunto verdadeiramente importante.)
Pois bem, o comentário do presidente foi suficiente para que até hoje, na grande mídia, se reverberem as mais diferentes maneiras de atacar o governo e defender os interesses supremos do mercado financeiro!
Há até quem insinue que o presidente estaria desautorizando o seu ministro da fazenda, Fernando Haddad.
Ora, déficit público zero é muito difícil, senão impossível, em qualquer parte do mundo.
A engrenagem capitalista, sob a hegemonia do rentismo, impõe aos Estados nacionais contingências tais que levam ao conflito entre assegurar por todos os meios garantias de ressarcimento dos títulos públicos versus investimentos em ciência, tecnologia e inovação, estímulo as atividades industriais e realização obras estratégicas de infraestrutura, assim como a manutenção e a ampliação de programas sociais.
Quando o presidente se chamava Michel Temer ou Jair Bolsonaro (mesmo que o último tenha sido perdulário em despesas públicas com fins eleitoreiros ao final do governo) a conversa era entre compadres.
Lula, que presíde o país assentado num programa de reconstrução nacional, sente-se no dever de priorizar o desenvolvimento e a redução das penúrias sociais e por isso mesmo seu diálogo com a grande mídia e porta-vozes da Faria Lima é e sempre será conflituoso.
Para operar a transição que o atual governo tenta a um novo ciclo de transformações econômicas, sociais e políticas de sentido progressista, o presidente tem que ser sempre hábil e audaz no enfrentamento da barreira imposta pelo rentismo com apoio unânime da grande mídia.
A luta é cotidiana e plena de armadilhas. Os arautos do mercado não dão trégua.
Quem disse que a vida não é arriscosa? https://bit.ly/3Ye45TD
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