01 junho 2024

Enio Lins opina

Manguezais, toxinas ideológicas e poluição política

Enio Lins


Thomas Friedman, um dos mais prestigiados e premiados jornalistas americanos, editorialista do New York Times, teve importante texto republicado no Brasil pelo Estadão. Com o título traduzido para “Como perdemos nosso lastro como sociedade”, o texto tem o seguinte “bigode”: “Sociedade americana perdeu filtros que evitavam comportamentos tóxicos e o extremismo e estimulavam comunidades saudáveis”.

BENEFÍCIOS DA NATUREZA

Diz Friedman no segundo parágrafo: “[como?] O meio ambiente oferece uma boa resposta. Há quase 30 anos, visitei a Mata Atlântica no Brasil com uma equipe da Conservação Internacional, e seus membros me ensinaram todas as funções incríveis que os manguezais – aqueles bosques de árvores que muitas vezes vivem debaixo d’água ao longo da costa – desempenham na natureza. Os manguezais filtram toxinas e poluentes por meio de suas extensas raízes, fornecem amortecimento contra ondas gigantes desencadeadas por furacões e tsunamis, formam criadouros para o amadurecimento dos peixes jovens com segurança porque suas raízes trançadas impedem a entrada de grandes predadores e, literalmente, ajudam a manter o litoral no lugar”.

SEM A DEFESA DO MANGUE

Seguem, na íntegra, mais trechos do cara do NY Times: “Na minha opinião, uma das coisas mais tristes que aconteceu aos EUA durante a minha vida foi o quanto perdemos tantos dos nossos manguezais. Hoje, estão ameaçados de extinção em todo lugar – e não apenas na natureza. A própria sociedade também perdeu muitos dos seus manguezais sociais, normativos e políticos - tudo aquilo que costumava filtrar comportamentos tóxicos, amortecer o extremismo político e nutrir comunidades saudáveis e instituições confiáveis para os jovens crescerem e que sustentam a união da nossa sociedade”. Friedman vai mais além: “Veja só, a vergonha costumava ser um manguezal. Antigamente, se você fosse candidato à presidência dos Estados Unidos e fosse alegado - com muitas evidências - que você falsificou registros comerciais para encobrir sexo com uma estrela pornô logo após sua esposa ter dado à luz um filho, você abaixaria a cabeça de vergonha, desistiria da corrida e se esconderia debaixo da cama. Esse manguezal da vergonha foi completamente arrancado por Trump”. Nem precisava escrever mais nada.

SEM FILTRO NENHUM

No Brasil, um cafajeste dito mitológico esbanja covardia, golpismo, preconceito, ignorância, desumanidade, falsidade, desonestidade e arrasta para si praticamente metade do eleitorado nacional. Na Itália, o fascismo volta às ruas com suas camisas pretas e saudações do tempo de Mussolini e, através do partido Fratelli d’Italia, elegeu parlamentares o suficiente para fazer sua líder, Georgia Meloni, primeira-ministra italiana. No modelo húngaro de fascismo contemporâneo, um amigo íntimo do “mito” Jair, o “duce” Viktor Orban é um direitista extremado que já foi – entre 1978 e 1979 – secretário da Liga da Juventude Comunista Húngara. Na França, a fascistóide Marine Le Pen obteve 41,8% dos votos nas eleições presidenciais de 2022, crescendo 8 pontos percentuais em relação à disputa anterior, em 201 7. Em Israel, a extrema-direita sionista, comandada por Bibi Netanyahu, implementa (na cara de pau) um genocídio no Gueto de Gaza do jeito de Adolf Hitler fez contra os judeus no Gueto de Varsóvia.

Apois é isso mesmo: não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil e em boa parte do mundo, os manguezais morais estão fazendo falta para depurar os dejetos ideológicos cada dia mais abundantes e ousados.

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/02/palavra-de-walter-sorrentino.html

Minha opinião

Um crivo indispensável 

Luciano Siqueira 



Leio agora que pesquisa Datafolha revela que na capital paulista 60% dos entrevistados confia mais nos jornais impressos do que nas plataformas digitais. 


A desconfiança em relação a estas chega a superar 70%. 


Que assim seja, pois a profusão de informações distorcidas ou estritamente superficiais através das redes sociais, e de outros meios, que nos chegam através do smartphone contribui para confundir a cabeça das pessoas. 


Mesmo os veículos impressos, que segundo a pesquisa contariam com certa dose de confiabilidade por parte do cidadão comum, são uníssonos na defesa do mercado financeiro, em detrimento da retomada da economia em bases sólidas e capazes de gerar produção real e oportunidades de trabalho. 


Nesse contexto, indispensável é o debate de ideias na base da sociedade, destinado a esclarecer a população a respeito das controvérsas versões sobre os fatos do cotidiano e os rumos da nação. 


Por enquanto, essa variável segue tão necessária quanto quase ausente. 


Aos partidos políticos de base popular e às organizações dos movimentos sociais cabe, nesse caso, papel irrecusável.

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/05/minha-opiniao_18.html

Sylvio: destino comum

São muitas as semelhanças entre Trump e Bolsonaro: ambos estão na extrema direita, adotam um palavreado chulo, não foram reeleitos, respondem a vários processos criminais (sendo que o norte-americano já foi condenado em trinta e quatro deles), não respeitaram o resultado das eleições e atentaram contra o estado de direito e a democracia incentivando a invasão do Capitólio e os atos terroristas do 8 de janeiro. Que a Justiça os puna com rigor, para preservação do regime democrático.

Sylvio Belém

Em defesa de Cuba

Cuba na lista de patrocinadores do terrorismo é infâmia que deve acabar

www.pcdob.org.br

República de Cuba é conhecida por sua sempre generosa fraternidade e solidariedade com os povos do mundo. Mesmo cercado e bloqueado financeiramente, economicamente e comercialmente, o país encontra forças para prestar ativa solidariedade aos povos que dela necessitam.

Por isso, quando Donald Trump, em 2021, faltando nove dias para deixar o governo, incluiu a ilha caribenha em uma lista unilateral de países que supostamente patrocinam o terrorismo, o que significava adicionar ainda mais sanções às inúmeras já existentes, houve uma onda de repúdio geral em todo o planeta, o que, no entanto, não demoveu o governo estadunidense.

Agora, quando no dia 15 de maio de 2024, o Departamento de Estado dos EUA excluiu Cuba de uma outra lista, também feita de forma unilateral, de países que não cooperam totalmente com o combate ao terrorismo, salientamos que esse é um passo insuficiente, mas na direção correta, como registrou, em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil: “O governo brasileiro tomou conhecimento, com satisfação, da decisão do governo dos Estados Unidos de retirar Cuba da lista unilateral de países que não cooperam plenamente no combate ao terrorismo. O Brasil estima tratar-se de passo importante na direção correta e insta o governo norte-americano a excluir Cuba também de sua lista unilateral de Estados patrocinadores do terrorismo, da qual derivam pesadas e injustificadas sanções ao país caribenho”.

A permanência de Cuba na espúria lista unilateral de supostos países patrocinadores do terrorismo é uma infâmia que já dura tempo demais. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) considera que a imediata exclusão do nome de Cuba é uma exigência da consciência humana, da dignidade e da verdade.

Exigência à qual se soma o fim do bloqueio econômico, financeiro e comercial, que de forma ilegal os EUA promovem contra a República de Cuba.

O PCdoB considera que as nações da América Latina e do Caribe têm o direito soberano de escolher seus caminhos próprios de desenvolvimento e democracia.

Assim, voltamos a exigir a exclusão imediata de Cuba da lista unilateral de supostos países patrocinadores do terrorismo e o fim imediato do bloqueio!

Partido Comunista do Brasil – PCdoB

Maio, 2024

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2022/11/cooperacao-china-cuba.html

Minha opinião

Desde priscas eras
Luciano Siqueira

 

Cá pra nós, acho que a ciência é indispensável - mas o alarde recorrente sobre certas pesquisas acerca do óbvio, não.

Agora, noticia-se que novos estudos asseguram que dar cerca 10 mil passos por dia é essencial para evitar agravos à saúde associados ao sedentarismo.

Salvo engano meu, há 1,8 milhão de anos, na África, o hominídeo com anatomia semelhante à nossa - o Homo erectus - já descobrira que caminhando chegava mais rápido aos lugares e, de quebra, alcançava mais facilmente frutas e objetos encontrados à altura da cabeça e se fazia mais vigilante diante da ameaça de possíveis predadores.

Assim mesmo, pesquisadores do Brigham and Women's Hospital, em Boston, vinculado à Universidades de Harvard, analisaram os efeitos da caminhada de quase 15 mil mulheres com mais de 62 anos, por exatos quatro anos, e... confirmaram o óbvio: caminhar faz bem.

Talvez para justificar a grana envolvida no tal estudo científico, acrescentaram em suas conclusões que a realização rotineira de atividade física vigorosa, tipo corrida, pode ser também eficaz para perda de peso, longevidade e redução do risco de doenças cardíacas.

De toda forma, cá em minha insignifância, ando em busca de estudos que ensinem a indivíduos como eu a adquiriem a disciplina necessária para caminhar rigorosamente todos os dias. Faça chuva ou faça sol.

Velhos fatos se revivem com nova aparência https://bit.ly/3Ye45TD

Fotografia: a arte de Elliott Erwitt

 

Elliott Erwitt

À flor da pele https://bit.ly/3Ye45TD 





31 maio 2024

Minha opinião

Pesquisas antes do tempo

Luciano Siqueira

 

No jargão jornalístico – sempre ouvi isso de repórteres e colunistas –, em ano eleitoral o período que antecede em alguns meses as convenções partidárias são de “vacas magras”.

Ou seja, a reportagem carece de fatos significativos para alimentar o noticiário.

Daí a valorização de “balões de ensaio”.

Eu mesmo protagonizei (involuntariamente) nota na coluna política do Jornal do Commercio online, dias atrás, ao ser mencionado como boa alternativa de candidato a vice-prefeito na chapa de João Campos (PSB).

Tudo porque ocasionalmente visitei a redação e fui cumprimentado por jornalistas de várias áreas.

O colunista Igor Souza, apoiado no meu recorde de quatro mandatos de vice-prefeito do Recife, e também de explícita boa vontade, sapecou a sugestão de que eu deveria ser indicado companheiro de chapa do atual prefeito com o argumento de que “ninguém seria contra”.

Para preencher espaço na coluna, obviamente.

Agora são os institutos de pesquisa que se antecipam exageradamente, explorando toda sorte de simulação.

Como o Datafolha, que diz ter aferido que, na capital paulista, “Boulos e Nunes têm entraves para herdar votos de Lula, Bolsonaro, Haddad e Tarcísio. Apesar de apoios já estabelecidos, 39% dos eleitores de Bolsonaro escolhem Nunes e 44% dos eleitores de Lula dizem votar em Boulos.”

Como assim, cara-pálida, se a eleição ainda está longe das preocupações do cidadão comum?

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/05/minha-opiniao_31.html