O CONVITE
Amanda Berenguer
Um lugar de sombra,
um poço vivo
grasnando como um
pássaro violento,
às vezes me aparece
nas horas incertas,
para a alba fria,
espantadora de outras
criaturas, e me
empurra novamente.
Porque estou demais
entre os seres
que usam a alvorada,
estou de sobra,
triste ao lado da
mesa recém-posta
da ressurreição. Ah!
não poderia
ao meu capricho domar
a angústia,
até fazer sangrar a
alternativa
de uma estrela
brilhando sobre o dia.
Talvez vou entre
sonhada e morta,
arrastando uma
história onde treme
a cabeça moribunda da
lua,
mas uso o anel,
aquela coroa
do outro reino, para
não me esquecer.
[Ilustração: Aleksandr Ilichev]
Leia sobre a
poética de Vinícius de Moraes https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/10/vinicius-paixao-e-o-poema.html
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