Partidos refutam intimidação com desfile militar e unem-se contra voto
impresso
No dia que Bolsonaro leva tanques
blindados para a Esplanada dos Ministérios, deputados de diferentes legendas realizam
ato em defesa da democracia e reafirmam derrota do presidente sobre voto
impresso.
Christiane Peres, portal Vermelho www.vermelho.org.br
A resposta ao desfile de blindados de Bolsonaro no centro político de Brasília foi rápida. Na manhã desta terça-feira (10), deputados de diferentes legendas realizaram ato contra os novos arroubos antidemocráticos do presidente da República e reafirmaram compromisso com a derrota da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que trata do voto impresso.
Já derrotado em comissão especial, o texto será levado a voto nesta terça no Plenário da Casa. Mas a pauta defendida por Bolsonaro e parte de sua base já chega fadada ao fracasso. Ao menos 15 partidos já se manifestaram contra o texto e após a nova tentativa golpista de Bolsonaro com seu desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios, o apoio à proposta deve minguar ainda mais.
No ato, o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), classificou como “absurdo” o que o país está vivendo e destacou que a resposta do Parlamento será a derrota da pauta defendida por Bolsonaro por amplo placar.
“O
país em crise, ainda enfrentando uma pandemia, e temos um presidente
irresponsável, que nada faz, se ocupa apenas de confusão e provocações, que
agride a sociedade, a democracia, os poderes Legislativo e Judiciário e tenta
intimidar o Congresso. O presidente é um irresponsável, um desequilibrado, sem
condições de governar o país. Precisa ser afastado da Presidência em defesa do
Brasil. Hoje, a resposta mais contundente que podemos dar é derrotar o voto
impresso, que é caminho para o golpe e precisa ser barrado”, pontuou Renildo.
O líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), reforçou a gravidade do momento e lembrou que o “desfile militar” de Bolsonaro não é coincidência, mas uma tentativa de cópia do cortejo do então general Newton Cruz, em 1984, às vésperas da votação das Diretas-Já. Na ocasião, a emenda Dante de Oliveira, que, se aprovada, restabeleceria as eleições diretas para presidente, não passou, mas nos anos seguintes a ditadura militar foi sendo enterrada. Desta vez, no entanto, os parlamentares reforçam que o Congresso não se intimidará com o uso político das Forças Armadas.
“É muito grave o momento que a gente está vivendo. Queríamos estar votando fortalecimento do SUS, o direito à vacina, ao emprego, à recuperação econômica, mas estamos defendendo a democracia e votando o voto impresso. Hoje Bolsonaro ameaça a democracia, fazendo um desfile militar em frente ao Congresso. Isso já aconteceu nas Diretas Já. Bolsonaro faz mal às Forças Armadas ao fazer isso. Por isso estamos aqui, num movimento amplo, exigindo o respeito à democracia. E a melhor resposta que daremos será derrotando o voto impresso”, disse.
O ato reuniu além de legendas de Oposição ao governo partidos como o DEM, Solidariedade, entre outros. Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), a união das legendas é mais uma demonstração de que a Câmara não aceitará chantagens e intimidações. “Não aceitamos essa desculpa de coincidência. O Parlamento não se intimida com tanque na rua. Vamos derrotar no voto essa que era pra ser uma demonstração de força do presidente. Nossa resposta será altiva e envolve diversos partidos. Para cada tentativa de Bolsonaro de nos intimidar e apequenar o Parlamento, será uma derrota acachapante do presidente no Plenário”, disse Kataguiri.
“Esse ato serve para mostrar que a Câmara não aceita ameaça, chantagem e intimidações. Não aceitamos a desculpa que houve coincidência pela realização desse desfile militar. A melhor resposta é derrotar o voto impresso com larga vantagem”, enfatizou o líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).
“Com blindados ou sem blindados, Bolsonaro será derrotado”, ironizou o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força (SP).
O desfile militar foi justificado como um
exercício da Marinha para a entrega do convite ao presidente para o ato que
acontecerá na próxima semana, em Formosa (GO), cidade onde geralmente ocorre o
treinamento. No entanto, o governo Bolsonaro decidiu levar o aparato militar à
Esplanada em novo momento de acirramento das disputas políticas, no mesmo dia
que a Câmara votará a pauta defendida pelo presidente (PEC 135) e que tem
gerado manifestações antidemocráticas, como a não realização das eleições, caso
o voto impresso não seja aprovado.
“Com blindado ou sem blindado, Bolsonaro vai
ser derrotado”, declarou o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Repercussão
Nas redes sociais o tema também se manteve em destaque. Deputados do PCdoB voltaram a criticar o desfile de Bolsonaro.
“Ameaças não nos assustam! A democracia é inegociável! Democracia sempre!”, destacou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que defendeu ainda o impeachment de Bolsonaro.
A vice-líder da Oposição, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) reiterou que o Brasil passa por um “vexame nacional e internacional” com o desfile de Bolsonaro. “Se for para “intimidar” o inimigo externo, mostramos nossa fraqueza. Se for para o “inimigo interno”, no caso intimidar o Parlamento, o tiro vai sair pela culatra”, destacou.
O deputado Rubens Jr (PCdoB-MA) afirmou que “nem com um tanque na rua, Bolsonaro convence a votar contra o Brasil”. “Eu não tenho medo de cara feia. Com 28 anos, já era líder da oposição na AL do MA. Já enfrentei o Cunha e cia. Manterei minha coerência”, disse.
Já o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) afirmou que “utilizar tanques de guerra na Esplanada dos Ministérios só reforça a fraqueza de um presidente sem moral, sem respeito e sem credibilidade, que procura demonstrar força por outros artifícios, vendo sua popularidade desmoronar”.
Fonte: PCdoB na Câmara
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Veja: Na relação de Bolsonaro com as Forças Armadas, separar o joio e o trigo
é necessário https://bit.ly/3xOWa13
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