Realmente, não acreditei
Luciano Siqueira
A dicção é perfeita, timbre de voz
vibrante — mas a mensagem, desde a primeira frase, sem a menor graça.
Repugnante talvez seja exagero. Mas
chega perto disso.
"Você não vai acreditar",
anuncia a voz feminina.
"Se não é para acreditar, porque
eu irei ouvir?", resmunguei comigo mesmo.
E apesar de sucessivas ligações,
realmente não ouvi.
O número é desconhecido, mas é evidente
que se trata do telemarketing.
Este tipo de propaganda se aprimora a
cada dia. A regra primária é provocar que o interlocutor pelo menos escute a
proposta.
Se houver interesse ou se a vítima for
daquelas de posses e de hábitos de compra compulsivos, a vendedora alcançará
seu intento.
No meu caso, faltam paciência para
ouvir e dinheiro para comprar. E sobra uma desconfiança crônica. Incontornável.
Não sou uma boa vítima para o
telemarketing, confesso.
Sou um chato.
Insensível.
Porém nesse caso restou-me a
curiosidade: por que iniciar a abordagem avisando que a vítima "não vai
acreditar'?
Esquisito, mas deve funcionar. Do
contrário a mensagem se iniciaria afirmando que eu iria acreditar — e talvez
tão óbvia assim não despertasse o meu interesse, sei lá.
Mais engenhoso, embora simples e
direto, era um cartaz que circulava em ônibus em Maceió, lá pelos anos 70 do
século passado: "Quem disse que novo é sinônimo de melhor? Prefira Biotônico
Fontoura".
Creio que funcionava. Tanto que, pude
verificar outro dia, o danado do velho biotônico continua firme e forte abrindo
o apetite de muita gente por esse imenso Brasil afora...
.
Às
vezes são pequenos detalhes que impressionam https://bit.ly/3E95Juz
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