Sylvinho, Tite e Ancelotti
deveriam fazer uma videoconferência
Um
poderia auxiliar o outro; todos precisam de ajuda
Tostão,
Folha de S. Paulo
Não sei o que
gosto mais de escrever: sobre a lógica, a compreensão do jogo e os detalhes
técnicos e táticos ou sobre a incerteza e a dramaticidade de uma partida, que
não tem enredo definido, como a vida. Procuro ter os dois olhares. Às vezes,
eles não se entendem. Um quer ser mais importante do que o outro.
O empate por 1 a 1 com o Equador foi um
jogo estranho, maluco, ruim, com quatro lances decisivos alterados pelo VAR e
com dez jogadores de cada lado na maior parte do tempo. O árbitro quis
compensar os erros, mas o VAR não deixou.
Marquinhos
e Neymar fazem muita falta à seleção.
Marquinhos e Thiago Silva formam uma das melhores duplas de zaga do mundo. A
avaliação de que Thiago Silva joga muito bem no Chelsea
porque a equipe atua com três zagueiros, e ele, com a idade mais avançada, fica
mais protegido, não se sustenta, pois Thiago Silva brilha também na seleção.
Contra o
Paraguai, na terça-feira, no Mineirão, Tite vai escalar novamente Coutinho, já
que ele jogou só 30 minutos, por causa da necessária substituição do técnico,
ou vai entrar com Paquetá, suspenso da primeira partida, que seria o substituto
imediato de Neymar?
Não ficarei
surpreso também se o treinador tirar um dos jogadores de lado, Vinicius Junior ou Raphinha, para dar lugar a
Paquetá, mantendo Coutinho. Vinicius Junior precisa jogar mais vezes e em
partidas seguidas pela seleção.
O jovem terá
muitas dificuldades de repetir na seleção o que faz no Real Madrid, pois, no
time espanhol, aprendeu com Ancelotti a jogar pelo lado, aberto, e também pelo
meio, entrando em diagonal, para receber a bola atrás do meio-campo adversário,
mais próximo ao centroavante, da área e do gol.
O Real joga
com um trio no meio-campo, sem um meia ofensivo. Na seleção, como o time joga
com dois volantes em linha, Casemiro e Fred, e um meia à frente dos dois
(Neymar ou Coutinho ou Paquetá), o espaço atrás do meio-campo adversário é
preenchido pelo meia ofensivo.
A solução para
a seleção brasileira não é atuar como o Real Madrid, pois não há meio-campistas
de alto nível, como Kroos e Modric, que atuam de uma intermediária à
outra. Com três no meio-campo, Neymar teria de jogar pela esquerda e não
sobraria para Vinicius Junior.
E ainda tem
Paquetá para Tite arrumar um lugar ou mesmo Coutinho, se ele voltar a brilhar.
São dúvidas e enigmas que Tite terá de resolver até a Copa. Deveria procurar
ajuda, telefonar para Ancelotti, que ele tanto admira, para conversar sobre
Vinicius Junior e outras coisas.
O Corinthians,
na prancheta, tem o mesmo desenho tático do Real Madrid, com um trio no
meio-campo, dois jogadores abertos e um centroavante. O time é muito estático,
com cada jogador em sua posição, o que facilita para a marcação adversária.
Róger Guedes,
pela esquerda, poderia, como na época de Atlético e como faz Vinicius Junior no
Real, atuar pela ponta e também entrar pelo meio, em diagonal, para receber a
bola atrás do meio-campo adversário, mais perto do gol e do centroavante.
O jovem
Sylvinho, vibrante e estudioso, que foi auxiliar de Tite e que adora o
"titês", deveria telefonar para o técnico da seleção para pedir
ajuda. Sylvinho, Tite e Ancelotti poderiam conversar
juntos, pelo menos por videoconferência. Um poderia ajudar o outro. Todos
precisam de ajuda. Sugiro apenas que Sylvinho chame Paulinho de Paulinho, não
de Paulo. Fica muito chato.
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