16 maio 2022

Evangélicos não são iguais

Eleitores evangélicos são diferentes entre si, diz Victor Araújo

Professor e pesquisador da Universidade de Zurique traça paralelos dos diferentes perfis, mas alerta para avanço dos pentecostais
Tatiane Correia, Jornal GGN

 

A relação estabelecida entre a religião e o voto não é necessariamente homogênea como muitos acreditam: nem mesmo entre os evangélicos, apontados por muitos como eleitores majoritários de Jair Bolsonaro, apresentam essa uniformidade.

Em entrevista à TV GGN 20 horas desta sexta-feira (13/05), o cientista político Victor Araújo, pesquisador sênior e professor da Universidade de Zurique, traça um panorama a respeito no livro “A Religião Distrai os Pobres?”, lançado pelo selo Edições 70, da editora Almedina Brasil.

“A ideia do livro é justamente ir contra essa ideia da homogeneização, tentar organizar um pouco esse debate partindo do seguinte dado: não existe o voto evangélico, existem os votos evangélicos”, diz Victor Araújo.

Segundo o pesquisador, esse grupo apresenta bastante heterogeneidade, e o livro mostra que existem pelo menos dois grandes grupos dentro do eleitorado evangélico.

“O primeiro grupo, que seria o grupo dos evangélicos tradicionais, que vem dessas igrejas batista, presbiteriana, metodista e outras mais, e um outro grupo que seria composto pelos evangélicos pentecostais”, diz o pesquisador.

Neste caso, esses grupos pensam de forma bem diferente entre si, o que implica em um comportamento eleitoral igualmente diferenciado.

“Em 2018, a gente ficou com essa sensação que o eleitorado evangélico maciçamente votou no Bolsonaro e que, por isso, todo o eleitorado evangélico teria votado de uma única forma”, diz Araújo.

Contudo, esses grupos votam de forma muito diferente, sendo que os evangélicos das igrejas pentecostais tendem a ser mais conservadores, sobretudo nas dimensões de valores – “é o perfil de eleitor que tem mais resistência a votar em partidos e em candidaturas de esquerda”

Avanço neopentecostal deve ser acompanhado

Segundo Victor Araújo, o avanço do voto evangélico vem acontecendo há várias eleições, e o que se viu em 2018 foi o que levou as pessoas a acompanharem mais de perto.

“A pergunta que eu acho importante é tentar entender porque que isso importa”, diz Araújo. “Por que importa pensar que os evangélicos pentecostais formam um bloco que tende a rejeitar partidos de esquerda e a principal vítima acaba sendo as eleições presidenciais, o PT”.

Enquanto os evangélicos pentecostais rejeitam votar em partidos e em candidaturas de esquerda, o pesquisador lembra algo a ser acompanhado: esse grupo é justamente o que mais cresce no Brasil.

“Desde o censo de 2000 os protestantes tradicionais estão estagnados em termos de crescimento numérico, eles não crescem tanto mais assim, e as denominações que crescem são basicamente os pentecostais e os neopentecostais”.

Atualmente, cerca de 30 a 35% da população brasileira se considera evangélica e, dentro desse percentual, mais ou menos 60% são os evangélicos pentecostais.

“Então, importa entender como eles votam, porque todas as projeções indicam que por volta de 2030, 2035 o Brasil será um país majoritariamente evangélico”, diz Araújo, lembrando que o país será um país majoritariamente evangélico pentecostal nesse período futuro.

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