Revista ‘Princípios’
assinala o bicentenário da Independência
Blog do Renato
Em
sua edição n° 164, a revista Princípios apresenta o dossiê temático Brasil: 200
anos de uma independência incompleta. Organizado pelos professores doutores
Diorge Alceno Konrad (PPGH-UFSM) e Nilson Weisheimer (PPGCS-UFRB), esta edição
alusiva ao bicentenário da Independência do Brasil traz contribuições originais
de diferentes áreas do conhecimento, com análises críticas do processo de
gênese e desenvolvimento das lutas pela independência nacional.
O
contexto de lutas e revoltas que marcam o período colonial rumo à independência
de Portugal é analisada, desde as revoltas nativistas (entre 1684 e 1711),
passando pela Inconfidência Mineira (1789) e pela Conjuração Baiana
(1798-1799), assim como pela Revolução Pernambucana (1817).
Como
já defendeu Lilia Moritz Schwarcz, o enraizamento da Corte portuguesa no
Brasil, a partir de 1808, condicionou o movimento de Independência. Com o
advento da Revolução Industrial e as disputas de mercados entre europeus,
Portugal foi pressionado a submeter-se com sua dependência econômica aos
ingleses, que passariam a dominar de fato o país entre o final do Brasil
Colônia e o início do Império.
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Independência: resgatar nossas lutas e nossas referências
DENUNCIAR ESTE ANÚNCIO
Assim,
os artigos mostram que a colônia era comandada por uma metrópole empobrecida e
de poucos recursos econômicos, que a explorava à exaustão e esgotamento. “Esse
processo levou ao Sete de setembro de 1922 sem pôr fim, de imediato, às guerras
de independência e, muito menos, às revoltas populares e antiescravistas, como
a Confederação do Equador de 1824 e todas as que se seguiram, a partir do fim
do governo de d. Pedro I”, diz o editorial da revista.
Como
os EUA, o Brasil independente formava-se a partir de instituições e concepções
liberais, mantendo a escravidão como base econômica. Assim, nas palavras de
Nelson Werneck Sodré, o país manteve no fundamental as características do antigo
sistema colonial.
Junto
com isso, a revista registra que o país mantém seu papel na cadeia produtiva
internacional, de mero fornecedor de matérias primas tropicais aos mercados
estrangeiros. Esse constante olhar para fora vai organizar toda a economia e
sociedade brasileira.
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influenciou independência do Brasil, mostra exposição no Rio
“Como
apontou Leôncio Basbaum, a história posterior teria desdobramentos a partir
dessa infraestrutura dominada por latifúndio, trabalho escravizado e produção
para a exportação, razões centenárias de nossa dependência, como também do
racismo estrutural e de outros flagelos”, diz o editorial.
No
entanto, a revista vai mostrar que este cenário conservador vem acompanhado das
contradições surgidas da independência, que gera transformações de consciência,
em meio à crescente dependência do endividamento externo. É dessa perspectiva
que o tecido social se divide entre as “frações objetivamente interessadas na
soberania e na independência nacional e aquelas que se reproduzem como agentes
e sócias menores da espoliação externa”.
Desta
forma, a revista aproveita a oportunidade do bicentenário da Independência para
debater esses desafios da nação, à luz de um entendimento do passado que possa
iluminar a luta.
Leia
também: Mulheres se
destacaram na luta pela independência do Brasil
Artigos
sobre outras temáticas também compõem a edição como a análise da política de
preços dos combustíveis e a soberania nacional; o direito de greve e sua
tradução na ideologia jurídica; o papel do chamado agronegócio para a economia
do país; as visões da esquerda brasileira — e, em particular do Partido dos
Trabalhadores (PT) — sobre a construção do socialismo chinês.
A
seção de resenhas traz uma análise da obra, recém-publicada, que transcreve o curso
ministrado pelo filósofo político italiano Norberto Bobbio na Universidade de
Torino durante o ano acadêmico de 1978-1979. Publica ainda, na seção Diálogos
& Debates, a segunda parte da discussão entre o economista alemão André
Gunder Frank e o politólogo argentino Rodolfo Puiggrós sobre o tema dos modos
de produção na América Latina.
Leia
também: Brasil: a
independência por fazer
A edição pode ser
lida aqui e comprada em formato físico em http://www.livrariaanita.com.br
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