10 setembro 2022

Seleção brasieira em ascensão?

Tudo indica que os ventos vão soprar a favor do Brasil no Qatar

Porém, como ocorre comigo algumas vezes, preciso ver para crer
Tostão, Folha de S. Paulo

 

No meio de semana, tivemos, pela Libertadores, pela Sul-Americana e pela Liga dos Campeões da Europa, várias belas e bem jogadas partidas, com muitas alegrias, tristezas e emoções. É a vida pulsando nos gramados.

Athletico mostrou, mais uma vez, que é um dos grandes do futebol brasileiro. O Palmeiras, que nas duas últimas Libertadores ganhou graças à competência e a alguns detalhes imprevisíveis, como o pênalti perdido por Hulk e o grave erro de Andreas Pereira, foi eliminado por causa da eficiência da equipe paranaense e também por detalhes, como a expulsão do zagueiro Murilo.

Flamengo está em mais uma final. Talento é tornar claro, simples, o que é complexo, como fez Dorival Júnior ao escalar os melhores nas posições certas. Não confundir com simplificação, com a diminuição da importância do que é grande.

São Paulo, nos pênaltis e com a ajuda da vibração dos atletas e dos torcedores, chegou à final da Sul-Americana.

Na Liga dos Campeões, três grandes centroavantes, Haaland, Lewandowski e Richarlison, brilharam nos novos times. Eu, que algumas vezes preciso ver para crer, tinha dúvidas se Haaland e Lewandowski se adaptariam ao Manchester City e ao Barcelona, duas equipes que trocam muitos passes curtos, que enfrentam defesas fechadas e que não tinham o hábito de jogar com um clássico centroavante.

Tem acontecido o contrário. Como City e Barcelona pressionam e a bola está sempre perto do gol adversário, os dois, por serem altos e fortes e por se posicionarem muito bem, têm mais chances de fazer gols. Além disso, Haaland possui uma arrancada impressionante, de poucos metros, para chegar aos pequenos espaços e entre os defensores, para finalizar. Lewandowski tem mostrado, no Barcelona, muito mais habilidade e fantasia do que tinha no Bayern.

Na onda de ver para crer, temia que Vinicius Junior, pelo que jogou no primeiro ano no Real Madrid, fosse se tornar mais um entre dezenas de pontas dribladores e rápidos, espalhados pelo mundo, que possuem pouca lucidez e técnica para se tornar grandes jogadores. Vinicius está a cada dia melhor. Aprendeu com Benzema e com o técnico Ancelotti, como disse Tite, a ser também um jogador associativo.

Mas o grande lance da semana, apoteótico, foi Neymar parar a bola na intermediária, enfiar o pé por baixo dela, como uma colher, e jogá-la por cima de vários zagueiros, para cair no lugar e no tempo certos, para Mbappé finalizar com precisão.

Pela importância que Neymar tem para a seleção, Tite carrega uma grande dúvida, que também é minha e de todos, se escala Neymar com ou sem um centroavante à frente. A opção muda o posicionamento do jogador e a estrutura e a escalação do meio-campo, pois não há lugar, juntos, para Paquetá, Vinicius Junior, Raphinha ou Antony, Fred, Casemiro, Neymar e mais um centroavante. Alguém teria de ficar fora.

Seja qual for a opção de Tite, Neymar deveria jogar da intermediária para o gol, como tem feito no PSG, com o novo treinador, sem recuar para receber a bola no próprio campo, como fazia, nem voltar para marcar pela esquerda, pois isso é feito pelo ala do time francês, no esquema com três zagueiros. Na seleção, essa marcação pelo lado seria feita por Vinicius Junior. A única participação defensiva de Neymar seria marcar o volante, na saída da bola, como quer Tite.

Tudo indica, conspira, que os ventos vão soprar a favor do Brasil no Qatar. Porém preciso ver para crer.

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