10 fevereiro 2023

Minha opinião

Lula, Biden e a diplomacia

Luciano Siqueira

 

O encontro entre os presidentes Lula e Biden em Washington, hoje, ocupa o noticiário internacional e brasileiro com destaque.

Natural que assim seja.

Ambos governam nações muito importantes no cenário global.

Os EUA, ainda que em tendência declinante, mantém-se maior potência do Ocidente.

O Brasil, agora reinserido na cena mundial, tem papel coprotagonista no mundo em transição para um desenho multipolar. Exerce reconhecida liderança no subcontinente sul-americano e a estende à América Central.

Tem na República Popular da China, alvo prioritário dos norte-americanos, seu principal parceiro comercial.

Esses elementos por si já dão relevância ao diálogo Lula-Biden.

E como acontece nas relações diplomáticas, nem tudo o que terá sido discutido virá à luz. O comunicado conjunto, como de praxe, ressaltará pontos convergentes e, se possível, gestos práticos concretos — como o ingresso dos EUA entre os contribuintes do fundo de defesa da Amazônia.

Certamente a parte norte-americana gostaria de obter de Lula uma posição mais incisiva contra a Rússia no conflito com a Ucrânia e a Otan – o que não refletiria, de fato, a posição brasileira.

Ao superar a condição de paira internacional a que havia sido conduzido pelo presidente energúmeno Jair Bolsonaro, o Brasil deve se credenciar como interlocutor para a solução, ou no mínimo a redução de tensões, em vários conflitos que palmilham o cenário mundial.

Isto quer dizer recuperar a tradição de relativa neutralidade da diplomacia brasileira. O inverso do alinhamento automático com os EUA e passaporte para as boas relações com o mundo asiático, a China em especial, e nossos parceiros africanos.

Então parece correto destacar, sobretudo, a convergência dos dois presidentes no combate comum ao golpismo trumpista-bolsonarista.

Já será um ganho mútuo.

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