07 junho 2023

Enio Lins opina

Garimpo ilegal na Amazônia: um crime maior que o tráfico

Enio Lins www.eniolins.com.br

 

Um dos maiores prejuízos sofridos pelo Brasil durante o quadriênio do crime, entre 2019 e 2022, está nos efeitos diretos e indiretos do garimpo ilegal de ouro, que se fortaleceu e se expandiu de forma avassaladora na Região Amazônica.

Como se não bastassem as denúncias da assassinatos, prostituição e corrupção que minaram, com mais crueldade ainda, as tribos que têm o azar de estar na área do ouro, o envenenamento pelo uso do mercúrio cresceu vertiginosamente.

Diz a midianinja.org, citando estudo da Fundação Oswaldo Cruz: “os resultados alarmantes revelam que todos os seis estados amazônicos apresentam níveis de contaminação [com mercúrio] acima do limite aceitável estabelecido pela OMS”.

Em 2022, a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) alertou para a contaminação ampla nos rios Madeira, Tapajós, Tocantins, Xingú e Negro, que alcançaram “níveis alarmantes e máximos” do terrível mercúrio em suas águas.

Chamando a atenção para “34 estudos concentrados nas bacias dos rios Tapajós, Tocantins e Madeira” a ABRAN denunciou a contaminação humana nas ribeiras “com Mercúrio (Hg) com níveis de 2 a 10 vezes maiores que o limite recomendado”.

Essa contaminação em massa é mais um subproduto criminoso de uma atividade criminosa: o garimpo ilegal – que, sem quaisquer fiscalizações nem controle, usa técnicas superadas (e baratas) para obter o máximo de lucro sem ligar para a saúde alheia.

Não foi inventado o garimpo ilegal pelo desgoverno passado, sim. Mas é certo que o mito, bandido visceral, estimulou mais essa atividade criminosa sob seu manto, chegando a receber representantes das quadrilhas que atuam nessa área.

Considerar o garimpo ilegal como atividade criminosa com periculosidade superior ao tráfico de drogas é questão que se impõe e com muita urgência. Aí vem o mimimi: “Ain, essa garimpagem oferece milhares de empregos...”. O tráfico também!

Oferecer empregos informais, e em enorme quantidade, é característica do crime organizado. Traficar, assaltar... empregam rios de gente. Matar por encomenda garante o pão de quantas pessoas? Mas por isso deve ser tolerado?

Traficar, assaltar, contrabandear, contaminar, matar por encomenda – esses são os traços do garimpo ilegal (há séculos!), mal que explodiu entre 2019 e 2022. Ou se torna alvo de um duro, e permanente combate policial, agora, ou nada os deterá.

As pedras se tocam, tudo se relaciona https://bit.ly/3Ye45TD

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