UJS mobiliza jovens em defesa da educação para o Congresso da UNE
União da Juventude Socialista defende juventude na rua para que o êxito do governo seja a derrota da extrema-direita. Presidente da entidade, Tiago Morbach, diz que a a UJS levará 5.500 estudantes ao 59º Congresso da UNE
Cezar Xavier/Vermelho www.vermelho.org.br
O movimento Bloco na Rua, da União da Juventude Socialista (UJS), está presente em todos os estados e pretende levar cerca de 5.500 jovens ao 59º. Congresso da UNE (Conune), que ocorre entre 12 e 16 de julho, em Brasília. “É o maior movimento rumo ao Congresso da UNE e a UJS está muito animada para ajudar a construir este congresso dos estudantes”, disse o presidente da UJS, Tiago Morbach, ao Portal Vermelho.
Segundo ele, a mobilização social é grande em clima de ajudar a abertura nesse novo ciclo político que o Brasil vive, de reconstrução nacional, de ampliação da democracia, de valorização da universidade, e do seu papel no desenvolvimento do país.
De acordo com Tiago, a idéia da UJS de colocar o Bloco na Rua vai muito além do Conune. “O nosso movimento à frente da UNE acredita que a principal contribuição que a entidade estudantil deve dar ao país é a mobilização social. Colocar os estudantes nas ruas para defender avanços necessários para o Brasil”, afirmou.
“Somos entusiastas do Governo Lula, ajudamos eleger esse governo, sabemos que é um governo comprometido com as transformações sociais, e, para impulsionar isso, a juventude precisa estar mobilizada”, disse ele. O líder de juventude lembrou o “tsunami da educação” em 2019 contra as políticas do governo Bolsonaro para a educação, mas também as mobilizações ao longo dessa década de resistência, desde a ascensão neofascista de 2013.
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“Nesses próximos anos, vai ser necessário se mobilizar para alterar a correlação de forças presente na sociedade, derrotando a extrema-direita. Isso é necessário para devolver a esperança à juventude brasileira, de que é possível entrar na universidade, e fazer o Brasil dar certo, sim”, defendeu.
Expectativas no Governo Lula
A UJS tem expectativas grandes no novo governo. Tiago considera que tem sido um governo muito promissor, por demonstrar uma postura muito altiva nas questões internacionais, principalmente em relação ao fortalecimento da América do Sul. Até então, a subserviência de Bolsonaro aos EUA fazia com que o Brasil desse as costas aos vizinhos.
Ele também citou como um “passo importantíssimo” o reajuste das bolsas de pesquisa, com a ministra Luciana Santos à frente do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação. Agora, a recomposição das universidades federais é outro passo que caminha nesse sentido, segundo ele.
A UJS admite, no entanto, que o terreno agora é bem diferente dos primeiros governos do campo progressista, desde 2003. Tiago diz que é preciso ter condições de disputar a sociedade como um todo, inserir a sociedade nas políticas públicas e disputar consciências nesse novo ambiente político.
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“Estamos comprometidos para ajudar para que esse governo tenha sucesso, pois isso é do que depende a derrota da extrema-direita, e para conseguir dar condições melhores de vida para o nosso povo. Isso vai se dar sobretudo com a mobilização social, para garantir as pautas mais avançadas para o governo e que exista terreno para enfrentar a extrema-direita nas ruas”, apontou.
Tiago revelou que a UJS vai definir seu apoio a uma candidatura à direção da UNE, neste próximo final de semana. A pauta dessa candidatura será a construção de um projeto de reforma universitária, conta ele, para garantir que a universidade jogue um papel na reconstrução do país.
“Queremos o fim das obras inacabadas nas universidades, iniciadas ao longo dos últimos anos. Queremos mais investimentos em assistência estudantil. Queremos um novo projeto de inserção de jovens na universidade, como é o caso do Prouni e a renovação das cotas raciais nas universidades públicas. Defendemos o fim dos 40% do ensino remoto na educação presencial e a garantia de mais investimentos na educação pública, a partir do Plano Nacional de Educação, e o fim da lista tríplice para que os reitores eleitos assumam efetivamente”, foi o que pontuou ele como temas que a UJS vai defender na UNE.
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Direita organizada na universidade
A extrema-direita que se empoderou nos últimos anos também tem se organizado na universidade, criando um fenômeno que ganhou presença maior no Congresso da UNE. Tiago diz que essa turma da direita se organiza, participa, disputa a UNE, mas é minoria, pois seu discurso não consegue adentrar as universidades com força. “Tanto, que foram os estudantes e a juventude brasileira que mais rejeitaram e se mobilizaram contra a política de Bolsonaro”, lembra ele.
Para ele, é justamente essa busca da direita organizada por participação nos debates da UNE que demonstra a força da entidade, mesmo com este segmento conservador sendo minoria no conjunto dos estudantes.
“Suas pautas são difíceis de aceitação ampla, pois defendem a cobrança de mensalidade nas universidades públicas, a privatização do ensino superior, coisas rejeitadas pela imensa maioria da juventude brasileira”, diz.
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Temas para debate
A UJS está levando a necessidade de construção de uma reforma universitária, para adaptar o ensino superior para esse novo momento que o país vive pós-pandemia. “Mas também a partir das oportunidades que se abrem. Acabamos de lançar uma campanha em defesa da construção de uma Universidade de Integração da Região Amazônica, que envolve os países que contém o bioma Amazônia em seus territórios, em defesa da soberania desses países e da própria região”, completou Tiago. Para ele, a universidade tem um papel muito importante para jogar no combate ao analfabetismo, no combate à fome e à pobreza.
“Temos também uma pauta muito importante que é poder acabar com uma portaria que permite que 40% do ensino presencial se dê de forma online, com disciplinas à distância. Isso afeta principalmente estudantes de universidade privada, que se matriculam num curso presencial e acabam tendo obrigatoriamente quase metade do seu curso acontecendo de forma remota”, explica ele.
Se o estudante optar por isso, tudo bem, mas Tiago diz que as grandes universidades utilizam esse mecanismo para diminuir os custos, sem se preocupar com a qualidade do ensino. “Esta é uma das grandes bandeiras que estamos levando para o Congresso da UNE”, diz ele.
Mas há outras sequelas da pandemia que ficaram, além do ensino remoto, e que precisam ser atacadas com urgência. Uma delas que permanece e que deve se refletir nos temas do Conune é a evasão do ensino superior.
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“Muitos estudantes empobrecidos pela pandemia tiveram que deixar a sala de aula e se preocupar com seu trabalho. Isso fez com que as salas de aula diminuíssem muito a quantidade de estudantes, sobretudo na modalidade presencial, com uma migração grande para o ensino à distância. Quase metade migrou para esta modalidade sem que haja qualquer controle da qualidade do ensino que recebem”, relata.
Tiago critica os grandes conglomerados educacionais que disponibilizam uma aula gravada como único acesso do estudante ao ensino superior. Ele reafirma que a UJS não é contra o EAD (Ensino à Distância), mas acredita que é preciso ter um controle rigoroso da qualidade desse ensino, para que os estudantes possam ter acesso a uma educação, de fato, transformadora.
“Isso foi uma consequência da pandemia que se tornou, infelizmente, uma tendência de mercado”, lamentou.
Consequências do bolsonarismo
“Vamos comemorar muito no Congresso a derrota do Bolsonaro”, disse Tiago. Para ele, foram quatro anos de destruição do tecido social brasileiro. Mas a juventude, os estudantes, e, em especial, a UNE, cumpriram um papel muito importante na derrota do ex-presidente com mobilizações diversas durante o governo.
Ele ainda destacou as mobilizações da UNE ocorridas uma semana antes da eleição presidencial, quando milhões de jovens tiraram o título de eleitor.
Tiago observa que, neste novo ciclo, a extrema-direita ainda está organizada, como demonstrou a invasão dos Três Poderes, em 8 de janeiro. A forte presença da direita no Congresso Nacional também afeta muito a correlação de forças presente na sociedade.
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“Sentimos a necessidade de unir esforços de todos os setores para derrotar a extrema-direita nas ruas e no Congresso, e, principalmente, na consciência das pessoas, para construir um novo país. E também queremos que Bolsonaro seja julgado por seus crimes e punido por todos eles”, reafirmou.
Novo Ensino Médio e violência nas escolas
Há outros temas conjunturais que devem se refletir no Conune. Ele citou a segurança no ambiente da sala de aula como algo fundamental para todos. O tema foi motivo de mobilizações e debate, no início deste ano, devido a ataques de grupos extremistas organizados nas redes sociais a escolas e creches.
”Esta garantia de segurança se dá não apenas pela formação de um ambiente educacional acolhedor, mas também pela derrota dessas ideias extremistas de direita, que incentivam isso na sociedade”, diz ele. Tiago disse que esses grupos têm como alvo nas escolas, principalmente, as meninas.
Por isso, a UJS considera que a regulamentação das big techs, – os grandes conglomerados de tecnologia como Meta, Google e WhatsApp – pelo PL 2630, relatado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), é tão importante para impedir que essas empresas lucrem com o caos e o ódio. “A propagação desse ambiente de violência se dá sobretudo pelas máquinas de caos e ódio que se tornaram as redes sociais, e precisamos virar a página disso”, disse.
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A reforma do ensino médio foi outro tema de grande mobilização entre março e abril. Os estudantes foram pegos de surpresa pela velocidade de implementação em alguns estados (SP, PR e RS) ao longo desse ano. “O novo modelo se mostrou de pouco preparo para o ensino superior e muito voltado para especificidades do mercado de trabalho, sem dar conta do que deve ser a educação como um todo. Além disso, os setores pedagógicos das escolas também não estavam preparados para esta mudança”, disse.
Tiago disse que as organizações ligadas à Educação conseguiram estabelecer um canal de diálogo com o Ministério e defendem a construção de uma Conferência Nacional temática para envolver governo, sociedade civil, estudantes, professores e trabalhadores para formatação de uma nova escola. “Do jeito que está, cada estado está fazendo o que considera melhor para definir seus itinerários formativos, sem que haja uma coordenação nacional de todo o processo”, criticou ele, referindo-se ao modo como professores são deslocados para disciplinas para as quais não estão preparados.
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