Conferência da Saúde resgata a construção coletiva de políticas públicas
São mais de quatro mil participantes no evento engrossando o coro da defesa do SUS e o financiamento público da saúde no país
Iram Alfaya/Vermelho
Depois do quase desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) e da política negacionista de Bolsonaro na área, o Brasil vive um novo momento de participação popular e construção coletiva de políticas públicas na área.
A 17ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorre até quarta-feira (5), em Brasília, é resultado da mobilização de mais de dois milhões de pessoas em todos os estados brasileiros.
São mais de quatro mil participantes no evento engrossando o coro da defesa do SUS e o financiamento público da saúde no país.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) considerou como marca do evento “a volta do Brasil para a saúde”.
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“Essa representatividade é a resposta a toda essa energia represada e a necessidade de restauração dos programas de saúde e políticas públicas tamponadas pelo governo Bolsonaro em prejuízo à nação brasileira”, disse a parlamentar que estava presente no evento.
Ela lembrou da crueldade do governo Bolsonaro com a saúde do povo brasileiro. “Mais de 700 mil mortes notificadas, atraso na vacina e, além da inelegibilidade, ele merece a prisão por crime de genocídio. Isso é algo que marca essa conferência que reabre a democracia no sistema de saúde braseiro”, observou.
O farmacêutico Ronald Ferreira, da comissão nacional de mobilização, também avaliou que o evento “demonstra um represamento gigantesco do processo de escuta da população por meio de instrumentos democráticos.”
“Essa conferência está coroada com representação de todos os estados, delegações com muita vontade de apontar os caminhos e soluções para superar o sofrimento da população brasileira, traumatizada com a Covid, que trouxe o lugar da defesa do SUS, do serviço público e o papel do estado”, afirmou.
São pontos centrais da conferência, segundo Ferreira, a defesa da ampliação do financiamento público da saúde com 6% do Produto Interno Bruto (PIB), o fortalecimento da atenção primária em saúde, valorização do trabalho como o pagamento do piso da enfermagem (e dos demais trabalhadores), e o desenvolvimento do complexo econômico social da indústria da saúde.
SUS sob ataque
Neio Lúcio Pereira, diretor de hospital na cidade de Vila Velha (ES), lembrou que o SUS sempre esteve sob ataque. “Ele é fruto da luta democrática”, ressaltou.
O diretor participou, por exemplo, da 8ª Conferência que aconteceu no final da ditadura militar e quando foi aprovada a lei que sistematizou o SUS.
Na ocasião, foram vetados vários artigos que foram aprovados tanto na conferência quanto na Constituinte de 1988.
“É um movimento de resistência e afirmação o tempo todo. Se teve avanços nos governos de Lula e da Dilma, o projeto do governo que saiu era de acabar com o SUS. Por contradição, o SUS só não acabou por causa da pandemia, porque [sem o SUS] não tinha como atender a população”, argumentou.
“Todo o movimento do genocida, que governou o país, era acabar com o SUS que segurou para que não houvesse mais mortes”, prosseguiu.
Para ele, a conferência é um momento de resistência para dar um passo mais adiante, ou seja, manter o sistema de saúde universal, um dos maiores do planeta.
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