12 julho 2023

OTAN: conluio de guerra

Ucrânia na Otan? O plano anunciado para facilitar entrada do país na aliança

BBC


Após o primeiro dia da cúpula dos líderes Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Lituânia, o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, anunciou que a Ucrânia não vai se juntar ao bloco no momento, mas anunciou um programa de longo prazo para encurtar o caminho e ajudar o país a se enquadrar nas exigências da aliança.

Segundo Stoltenberg, o país vai se juntar à aliança quando "as condições forem cumpridas" e "os aliados concordarem".

O secretário-geral afirmou que a Otan criou o plano para "abrir um caminho para a Ucrânia se tornar membro".

Com isso, os atuais 31 aliados mostram à Rússia que, mesmo que a Ucrânia não entre no bloco agora, eles estão determinados a apoiar militarmente o país no longo prazo.

Alguns dos entraves para a adesão da Ucrânia foram removidos, diz Stoltenberg, como a necessidade do país apresentar um plano de solicitação de adesão, conhecido como MAP, na sigla em inglês. Este é o processo formal que testa se um país atende aos estritos padrões militares e governamentais da Otan — e pode levar décadas.

Em vez disso, a Otan é quem apresentou um projeto para ajudar a Ucrânia a modernizar suas instituições de segurança e defesa e a aumentar a governça, incluindo combater a corrupção. Alguns aliados — incluindo os EUA e a Alemanha que a Ucrânia faça mais para combater a corrupção no país, fortalecer seu judiciário e garantir o controle civil sobre seus militares.

Um novo Conselho da Otan da Ucrânia substituirá a Comissão da Otan sobre Ucrânia e dará à Ucrânia a capacidade de convocar reuniões da aliança como um parceiro em pé de igualdade.

Além disso, os aliados concordam que no meio de um guerra não é o momento para o país se tornar um membro definitivo da aliança.

O anúncio feito nesta terça vem após reclamações do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que reclamou da Otan não ter definido explicitamente como e quando seria essa adesão.

Algumas nações da Otan relutam em aceitar a adesão da Ucrânia, temendo que promessas a Kiev possam dar à Rússia um incentivo para prolongar a guerra.

A cúpula da Otan corre até quarta-feira (12/7).

Stoltenberg disse também que o número de países comprometidos a usar pelo menos 2% do PIB (Produto Interno Bruto) na área de defesa deve aumentar substancialmente até ano que vem e a Otan esperar ter 300 mil tropas prontas para emprego imediato.

Durante a reunião de dois dias, espera-se que os líderes da Otan cheguem a um acordo sobre novos planos para defender a aliança contra futuras agressões russas, reforçando suas forças no leste.

Turquia e Suécia

O encontro havia começado com um ânimo extra para o grupo, depois que a Turquia abandonou suas objeções à entrada da Suécia na aliança.

Após conversas na noite de segunda-feira (10/7), Stoltenberg anunciou que a Turquia concordou em apoiar o pedido da Suécia para ingressar na Otan. A notícia foi bem recebida pelos Estados Unidos e Alemanha, assim como pela própria Suécia.

A Turquia passou meses bloqueando a candidatura de Estocolmo, acusando a Suécia de abrigar militantes curdos. Stoltenberg disse que os dois lados trabalham juntos para lidar com as "legítimas preocupações de segurança" da Turquia.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sugeriu anteriormente que apoiaria a Suécia se a União Europeia reabrisse as negociações de adesão da Turquia ao bloco — um pedido que foi rejeitado no passado pelas autoridades da UE.

Rumos da Guerra

A segurança foi reforçada em Vilnius, com as forças da Otan — incluindo mísseis de defesa aérea Patriot — defendendo a cúpula. O encontro ocorre a uma curta distância de Belarus e do exclave russo de Kaliningrado.

O objetivo geral da reunião é que a Otan mostre para o presidente Vladimir Putin que tem um compromisso militar de longo prazo da aliança com a Ucrânia.

As autoridades esperam que isso faça o líder russo mudar seus planos — colocando dúvidas em sua mente, no sentido de que ele pode esperar mais do Ocidente.

Por isso, alguns analistas veem esta cúpula como talvez tão importante quanto os ganhos militares no campo de batalha para persuadir Putin a mudar sua estratégia.

Alguns membros da Otan prometerão à Ucrânia novas garantias de segurança. O presidente dos EUA, Joe Biden, sugeriu que a Ucrânia poderia obter o tipo de apoio militar que seu país dá a Israel — compromissos de longo prazo projetados para deter potenciais agressores.

A Otan concordou, em sua cúpula de 2008, em Bucareste, que a Ucrânia "será" membro e apoiou sua candidatura. Mas a aliança não disse como e quando isso pode acontecer. Os críticos dizem que definir um destino à Ucrânia, mas sem explicitar a rota certa para adesão, permitiu que Putin arriscasse realizar as invasões em 2014 e 2022 no país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontrará com Zelensky na cúpula, disse uma autoridade dos EUA à agência de notícias Reuters, embora o presidente ucraniano ainda não tenha confirmado oficialmente sua participação no evento.

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