Um momento histórico, e muito esperançoso, para o Brasil
Enio Lins*
Impossível não continuar na pauta policial, histórica, da apuração sobre crimes da gangue bolsonarista, e sobre o histórico indiciamento de um magote de criminosos de elite que se considerava acima da lei e da ordem.
SIMPLICIDADE HOMICIDA
Direta e prática é a jurisprudência bolsonarista, segundo anunciado por um dos energúmenos filhos do mito, o “Zero-um”, lídimo representante do povo paulista no Senado, vaticinando e choramingando: “pensar em matar alguém não é crime”, ao topar com o pai Zero-zero e outros zeros à esquerda, ao todo 37 ultradireitistas, indiciados por ações criminosas contra o Estado Democrático de Direito no Brasil, num rol de crimes onde constam o planejamento dos assassinatos do presidente e vice-presidente da República e de um ministro do Supremo Tribunal Federal. O raciocínio meliante é o seguinte: “planejar crime não é crime; tentar crime não é crime; e, com o crime cometido, anistia-se”. É o roteiro da impunidade absoluta. Risco zero. Simples assim, cínico assim.
CRIMINOSOS CONTUMAZES
Reinaldo Azevedo, escreveu, ontem, no UOL: “As imputações aos golpistas são pesadas: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de direito e organização criminosa. O primeiro crime rende de 4 a 12 anos de prisão; o segundo, de 4 a 8; e o terceiro, de 5 a 10. Em caso de condenação, a pena mínima, pois, é de 13 anos, e a máxima, de 30 anos. Gente com menos relevância na escalada golpista — os que atacaram as respectivas sedes dos Três Poderes — foi condenada a mais de 17. O futuro não sorri para os 37 indiciados desta quinta, o que incluiria Cid e Jair Bolsonaro. Ocorre que o tenente-coronel fez o acordo de delação. Se mantido, sua pena será substancialmente reduzida. A de Bolsonaro não”. Zero-um, zero para você que confunde Direito com direita. A Lei está sendo cumprida, e o processo seguirá seu destino de acordo com o previsto pelas normas constitucionais, a não ser que deem certo novos planos criminosos, golpistas e assassinos do grupo político do qual vossa excelência faz parte.
O QUE TEMOS DE NOVO?
Desde 1987, o próprio Jair Messias anuncia a plenos pulmões suas motivações golpistas e assassinas, esgoelando-se em ameaças (em público, devidamente gravadas) de ações antidemocráticas, de torturas e de assassinatos contra seus adversários. Como previsto, as iniciativas golpistas foram se sucedendo durante o mandato presidencial messiânico, entre 2019 e 2022. Nos idos de março de 2021, por discordâncias com as intenções ditatoriais de Jair, o general Fernando Azevedo foi demitido do Ministério da Defesa, e pediram demissão os comandantes das três armas, general Edson Leal Pujol (Exército), almirante Ilques Barbosa (Marinha) e brigadeiro Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica). Antes, em junho de 2019, a primeira rejeição militar pública ao golpismo de Jair Messias foi do general Santos Cruz, que rompeu com o presidente; e saiu atirando da estratégica Secretaria de Governo. Nas Forças Armadas, repito, mesmo contando com a maioria dos votos, o famigerado ex-capitão jamais conquistou uma adesão minimamente necessária para o sonhado, sempre planejado e ensaiado, golpe de Estado. A novidade, agora, é a juntada ampla quantidade de provas contra essa quadrilha que aterroriza a Nação há anos. Esses 37 meliantes indiciados, por suas posições altamente privilegiadas no sistema, pelas provas arroladas, e pelo grande perigo representado, merecem entrar para a História com condenações exemplares – para o bem do Brasil e da Democracia, no geral; e para o bem das Forças Armadas, no específico.
*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador
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