Bloqueios do crescimento
Luciano Siqueira
O Banco Central, conluiado com o sistema financeiro privado e com amplo apoio da mídia conservadora, fomenta o ambiente para o bloqueio do crescimento da economia. E avança: fez com que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentasse a taxa de juro básica (Selic) em 0,5 ponto – de 11,25% para 11,75% –, e agora comemora cortes substanciais no Orçamento da União.
Segundo o Decreto nº 6.439, publicado ontem no Diário Oficial da União, estão contingenciados R$ 19,2 bilhões no Poder Executivo, com destaque para o Ministério das Cidades, que terá o maior corte nominal no orçamento do Executivo neste ano: R$ 2,720 bilhões – prejudicando programas de ciclovias, de habitações de interesse social e de infra-estrutura. Péssimo para nossas cidades, tão carentes de recursos para investimentos em intervenções físicas em favor da melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.Quatro outros ministérios também são duramente atingidos: Saúde (R$ 2, 594 bilhões), Turismo (R$ 2,233 bilhões), Defesa (R$ 1,905 bilhões), e Educação (R$ 1,612).
O pretexto é falacioso: pressão inflacionária. Entretanto, a rigor não se pode afirmar que o país esteja ameaçado pela inflação. Há, sim, uma expansão expressiva do consumo impulsionado pelos aumentos reais do salário-mínimo e da massa salarial, e pela ampliação do crédito. Porém nada que a base produtiva em incremento não suporte.
Demais, há uma relativa estabilidade de nossa economia assentada no crescimento do PIB; no equilíbrio entre investimentos produtivos e consumo.
Bom, apesar disso e como freqüentemente acontece, prevalecem os interesses imediatos do capital rentista que encosta o governo contra a parede - e o governo cede.
E os banqueiros, como ficam? Segundo informa o Valor Econômico, nem esperaram o anúncio do aumento da Selic, na semana passada, para elevar os juros. Novas tabelas das taxas para financiamento de veículos chegaram às revendas de automóveis um dia antes. Enquanto o crédito para empresas também ficou mais caro, com elevação média de 0,12 ponto percentual na taxa efetiva do capital de giro e desconto de duplicatas.
Enquanto isso, no noticiário dominante pontificam o denuncismo irresponsável e a seqüência de factóides fabricados pela oposição, como se o Brasil real fosse movido a dossiês e a cartões corporativos.
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