Coluna semanal no portal Vermelho:
Um ato de amor
Luciano Siqueira
Até quando nossa atividade profissional foi interrompida em razão das múltiplas atividades políticas (a prática médica exige dedicação total e exclusiva), era o trato com crianças nossa especialidade.
Envolvimento total. Costumava dizer que, numa enfermaria de hospital ou no ambulatório, às voltas com os pequeninos e seus pais, o mundo podia acabar que só ficaria sabendo no dia seguinte...
É que depois do curso de graduação, da residência médica geral e da pós-graduação em saúde pública, a pediatria se tornara uma atração irresistível.
Daí a satisfação com que manuseamos o livro Educar para a vida – como formar a criança cidadã, que Aníbal Gaudêncio e Josimário Silva (médicos), Inalva Regina (delegada de Polícia Civil) e Maurícia Figueirôa (enfermeira) trouxeram à luz há poucos dias atrás, com a chancela da Unimed Recife, por empenho pessoal de sua diretora-presidente Maria de Lourdes Araújo, nossa colega de turma Lourdinha, no fim dos anos sessenta, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco.
Na introdução, muito modestamente Aníbal Gaudêncio afirma que o livro pretende ser “um instrumento de consulta, orientação e apoio a pais e responsáveis, contemplando inúmeras situações do cotidiano de crianças e adolescentes”. É muito mais do que isso: é um imenso ato de amor.
Em quatro capítulos – direitos de cidadania, educação, promoção da saúde e segurança infanto-juvenil -, ilustrados com bom-gosto e leveza, os autores nos tomam pela mão e nos conduzem a uma visita bem-humorada ao Estatuto da Criança e do Adolescente, a uma equilibrada e sensível abordagem da arte de educar sem nada impor, aos cuidados com a saúde e à prevenção de acidentes e da violência criminal.
O texto é otimista. Revela crença na condição humana e no exercício da liberdade. Em nenhum momento se lê reprimendas, ameaças ou determinações rígidas. Ao descrever os riscos inerentes ao alcoolismo, por exemplo, os autores não dizem “Não beba!”, apenas alertam que, segundo pesquisas, a iniciação se dá aos doze anos de idade, sob o estímulo do comportamento dos pais.
As conclusões ficam para o leitor, conforme sua concepção de mundo e a relação que deseja ter com os filhos. Mas uma citação de Simone de Beauvoir dá a medida da responsabilidade de cada um: “O futuro é resultado. Pode ser um desastre como resultado de nossa omissão, ou pode ser promissor, favorável e positivo, como resultado de nossa ação conseqüente, responsável e comprometida.”
(Se você deseja obter gratuitamente um exemplar do livro, clique aqui lucianosiqueira@uol.com.br que lhe indicaremos o caminho das pedras).
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