Luciano Siqueira
Sinceramente,
sem querer botar a pecha em ninguém, até porque aqui faço observações de modo
genérico a partir dos fatos que se sucedem na província e em outros lugares,
vale prestar atenção ao terreno movediço a que estão condenados certos
conceitos, conforme o ambiente mais ou menos tenso da campanha eleitoral.
O
“velho e novo”, a “velha” e a “nova política” e quejandos, situam-se nessa
condição. Ora, se todos representam o novo, quem afinal se constitui no velho,
ou seja, a quem cabe a primazia da renovação na política e quem está postado ao
mais empedernido conservadorismo?
Agora
que a peleja se dá em torno do poder local, algum crivo há que se estabelecer
para distinguir a essência da aparência e retirar do mero jogo de palavras o
real sentido do que se diz e do que se representa como projeto de cidade.
Isto
implica na pergunta: que vem a ser, afinal, “governo de mudança”? Creio que há
de ser muito mais do que fazer o mesmo com mais eficiência e, eventualmente,
maior lisura no uso dos recursos financeiros. Isso por si só não distingue
“conservadores” e “mudancistas”. É preciso ir mais adiante, ousando redefinir a
própria essência das políticas públicas vigentes ou que se quer introduzir. Por
exemplo, a assistência social - que em geral se confunde com programas
meramente assistencialistas que em nada contribuem para despertar a consciência
da população usuária em relação às circunstâncias em que vive, causas e
soluções – há que se referenciar na LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social),
cujo conteúdo é essencialmente progressista. Mais: há que ensejar a reflexão
construtiva e libertadora entre técnicos envolvidos nas ações de governo e a
população objeto dessas ações, mediante diálogo permanente que problematize as
causas da indigência e da vulnerabilidade, suas implicações estruturais e a
conexão da luta local para superar essas causas com a luta geral do povo
brasileiro pela construção de uma nação soberana, progressista e socialmente
justa.
Claro
que isso não significa fazer de cada pequeno gesto um ato de proselitismo
político. Mas quer dizer, sim, que não basta prestar a assistência a quem se
encontra temporariamente em situação de risco, é preciso dar um passo adiante
no sentido de contribuir que o cidadão e a cidadã nessa situação possa
compreender sua realidade de vida e se descobrir, além de sujeito de direitos,
agente da transformação social.
Isto
posto como exemplo, cabe analisar os programas de governo que os diversos
pretendentes ao Executivo municipal apresentam. Ir além das formulações
genéricas, perscrutar o que há de essencial no que é proposto como política
pública. Agora e posteriormente, na futura gestão.
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