Luciano Siqueira
A poucos dias do desfecho do segundo turno das eleições
municipais, especula-se sobre a provável contabilidade política a se consumar
já na noite de domingo, 28. E, ao que tudo indica, a vaticinada derrota
estrondosa do PT não se consumou – nem com o estardalhaço feito pela grande
mídia em torno do julgamento do chamado “mensalão”. Na verdade, o PT tende a sair vitorioso - com
destaque.
Claro que não apenas o PT se dá bem nesse pleito. O PSB,
liderado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, desponta bastante
fortalecido a partir da vitória no Recife e em outras importantes cidades. Os
demais partidos da coalização que apoia o governo Dilma Rousseff, idem –
inclusive o PCdoB.
O enfraquecimento ocorre no outro lado da rua, nas hostes oposicionistas.
O PSDB ainda se mantém como força hegemônica no leque partidário que combate o
governo Dilma, porém com uma derrota de dimensão estratégica em São Paulo. O
Democratas, mesmo que venha a vencer em Salvador, se vencer, restará mais
desmilinguido do que estava.
A provável vitória de Fernando Haddad na capital paulista
encerra um ciclo tucano de duas décadas. Um fortim da luta nacional muda de
mão. Ponto para o projeto nacional de desenvolvimento em gestação desde o
governo Lula.
O peso específico de São Paulo reforça a correlação de
forças pró-Dilma, ou seja, em favor do conjunto das forças políticas que
governam o País. Melhora substancialmente a correlação de forças que pode
influenciar o curso dos acontecimentos em 2014.
Em torno de Haddad, é bom salientar, estão o PSB e o PCdoB,
que no Recife estiveram separados. O PCdoB tem em Nádia Campeão a vice-prefeita
na chapa do ex-ministro da Educação.
Assim, o mapa definitivo deste pleito revelará considerável
discrepância com o presumido por “analistas” da grande mídia, que imaginavam
uma esquerda parcialmente derrotada. Mais uma vez fica claro que entre a
pirotecnia midiática – que faz seus estragos, sim, não se pode subestimar – e a
realidade concreta, o eleitor avança no sentido de escolhas que dizem respeito
à melhoria concreta da situação de vida. Daí o capital acumulado pelo PT e
aliados, a despeito de erros, insuficiências e contratempos.
Há, portanto, muito que refletir sobre o episódio eleitoral
em curso. E sobre as perspectivas para as eleições gerais de 2014 – sem
previsões precipitadas, nem ilações fantasiosas.
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