Luciano Siqueira
É
fato inquestionável que a manutenção do nível da atividade econômica verificado
nos anos recentes no País tem tudo a ver com a expansão do consumo. Seja porque
parcela expressiva da população – no Nordeste, cerca de vinte milhões –
ingressou na chamada classe média; seja porque o governo promoveu formidável
estímulo via ampliação do crédito e desoneração fiscal para produtos
industrializados, entre outras medidas.
Tudo
bem. Remédio eficaz até certo ponto. Pois embora a retomada do crescimento
econômico venha se dando, desde o governo Lula, em ritmo satisfatório, mesmo
com as retenções decorrentes da crise global, há sinais de que as medidas
anticrise adotadas por Lula e repetidas por Dilma parece já não farem o mesmo
efeito. A fonte está se esgotando.
Agora
mesmo, bancos e comerciantes estão empenhados em renegociar dívidas e habilitar
os brasileiros para consumir mais, de olho nas vendas de fim de ano. Verdadeira
operação de guerra, em que se promove a renegociação de dívida, esticando
prazos. Informa-se que empresas especializadas usam vans e contêineres para realizar
a tarefa País afora. Só em São Paulo, 3,9 milhões de consumidores acertaram
suas contas.
O
governo entra na jogada intermediando a troca de dívida cara de um banco por
outra mais barata de um concorrente, além de ter diminuído a taxa de juros ao
menor nível da história.
Iniciativas
louváveis, mas com o risco de alargar o endividamento de uma parcela expressiva
de consumidores. Tanto que a inadimplência ainda alcança patamares elevadíssimos.
Por isso as estimativas de venda no período natalino que se avizinha indicam
crescimento limitado entre 2% e 5% em comparação ao ano passado.
Moral
da história: falta um fator sem o qual não se consegue a deseja sustentabilidade
do crescimento e da expansão do mercado: o crescimento seguro da produção. Aí
há que se assinalar os esforços feitos pelo governo, inclusive a recente
decisão da presidenta Dilma em reduzir tarifas de energia elétrica e a persistência
em obras de infraestrutura de certa envergadura; e, em contraponto, as pressões
negativas advinda da situação econômica mundial. A retração relativa da
economia chinesa, por exemplo, repercute sobre a pauta de exportações do
Brasil.
Donde
se conclui que ao mesmo tempo em que se adotam medidas de alcance conjuntural,
cumpre ir adiante em relação a reformas estruturais sem as quais continuaremos
alternando períodos de expansão com oscilações e retração. Para que a relação
PIB/investimento público – que era de 18,8% no 2º trimestre de
2011, caiu para 17,9% - se
eleve a um padrão pelo menos razoável.
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