Luciano Siqueira
“Bom é analisar depois”, sentencia o filósofo alagoano
radicado em Olinda, prefeito Renildo Calheiros. Diz ele que a assertiva vale
para o futebol, a política, o amor e tantas mais sejam as experiências humanas.
Está certo. Melhor ainda quando o objeto da análise é uma
vitória eleitoral. Com o risco de falhas e insuficiências ficarem obscurecidas
pelos louros do sucesso. Daí porque é recomendável que se avalie resultados de
uma batalha de certa magnitude – caso da eleição no Recife, dia 7 último – com
o distanciamento possível, que carece de algum tempo. O que não impede de se a
notar algumas impressões iniciais, até mesmo como subsídios à análise mais
aprofundada a se fazer adiante.
Assim, antecipo duas razões que a meu ver se destacam dentre
as tantas que contribuíram para a vitória da Frente Popular do Recife, que
elegeu Geraldo Júlio prefeito, do PSB, e o autor dessas linhas vice-prefeito,
do PCdoB.
Uma, a largueza e a pluralidade da frente, que conjugou
quatorze partidos e variados segmentos da sociedade – incluindo igrejas,
empresários, trabalhadores, comunidade científica, o mundo da cultura, a
juventude. Ampla, plural e unida – convergindo em torno das ideias essenciais
que deram lastro ao programa de governo construído durante a campanha mediante
extensa consulta à sociedade.
A outra, a capacidade de mobilizar o povo. Deu-se desde o início
da campanha, quando nas pesquisas Geraldo Júlio contava com apenas 4% de
intenção de votos, verdadeira ocupação do território da cidade. Pequenas e
médias reuniões, caminhadas seguidas de breves comícios, com apoio de mais de
trezentos postulantes à Câmara Municipal capilarizaram a campanha e tornaram o
candidato a prefeito conhecido. Quando sobreveio o programa de TV e rádio, já
se havia criado uma rede de apoiadores por todas as zonas eleitorais.
Ponto para o partido hegemônico na frente, o PSB, que
liderou esse binômio amplitude-mobilização popular – para o que, sem presunção,
há que se reconhecer igualmente uma contribuição importante do PCdoB.
Demais, vale sublinhar a orientação tática – firme, focada,
combativa e ao mesmo templo flexível para dar conta das variações verificadas
no confronto com concorrentes e adversários.
A vitória conquistada já no primeiro turno, numa espetacular
inversão da correlação de forças, reflete esses fatores que, tiveram peso
determinante.
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