“Brasil, ame-o ou deixe-o”
em nova edição
Tereza Cruvinel, Brasil 247
O espírito do fascismo realmente
escapou da garrafa e está solto por aí, espalhando seu veneno. O governo, em
sua ofensiva publicitária de viés fascista em defesa do ajuste fiscal lançou o
bordão de duplo sentido "vamos tirar o Brasil do vermelho". Na mesma
linha, a consultoria Empiricus está veiculando na Folha de São Paulo, versão
online, outra peça tão ou mais divisionista e sectária, discriminadora dos que
possam discordar da verdade única de que seria portadora. "Se você é
contra a PEC 241 você é contra o Brasil", diz a campanha que busca adesões
a uma petição em favor da aprovação da emenda constitucional que limita o gasto
público à inflação do ano anterior.
O que ela diz é que são impatriotas
todos os que discordam da proposta do Governo. Logo, merecem ser repudiados,
perseguidos e quem sabe agredidos pelos que são a favor do Brasil, universo
restrito ao que concordam com a medida. Isso é uma aposta na divisão, no
sectarismo, na estigmatização das pessoas por conta de um pensamento
divergente. É a negação da pluralidade, da liberdade de pensamento e da própria
democracia. O nome disso é fascismo.
O bordão da campanha da Empiricus,
cujo nome precisa ser garimpado com lupa no canto inferior da peça, só pode ser
comparado a um dos slogans mais fortes da ditadura militar, o "Brasil,
ame-o ou deixe-o", bordão apregoada aos quatro ventos pelo regime e por
seus apoiadores no auge dos anos de chumbo. Ele dizia, subliminarmente, que por
não amarem o Brasil alguns brasileiros mereciam o exílio, a prisão, a cassação,
a tortura e até mesmo a morte.
A campanha da Empiricus criou a
hastag #PEC241afavordoBrasil" nas redes sociais e tem um "perguntas e
respostas" sobre a proposta do Governo, procurando demonstrar que sem a
PEC o país vai para o abismo. Oferece o acesso para a assinatura a petição e
sugere que o cidadão se inscreva para receber constantemente informações por
email sobre o andamento da PEC. É uma cruzada. Até à hora em que escrevo,
16hs48m, as adesões teriam batido em 56.791 assinaturas. Carrega também um
texto que diz: O objetivo é conter a expansão da despesa pública primária que,
no período 2008-2015, cresceu, anualmente, em média, 6% acima da inflação. O
controle da expansão da despesa primária é fundamental para reduzir a despesa
financeira, pois permite ao governo financiar sua dívida com uma taxa de juro
menor. De fato, ao buscar adequar suas despesas às receitas auferidas, o
governo sinaliza para os detentores de títulos públicos que os valores
contratualmente estipulados nesses títulos serão honrados, possibilitando
menores taxas na negociação de novos títulos públicos.
Ou seja, em fina sintonia com o
"Vamos tirar o Brasil do vermelho", sugerindo a responsabilidade do
partido que governou entre 2008 e 2015.
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