A variável tempo e o combate em todas as frentes
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
O lançamento da Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já e a convocação de nova paralisação geral para o próximo dia 30 são lances de uma batalha de grande dimensão - por uma saída política para a crise -, que se depara com muitos obstáculos.
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
O lançamento da Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já e a convocação de nova paralisação geral para o próximo dia 30 são lances de uma batalha de grande dimensão - por uma saída política para a crise -, que se depara com muitos obstáculos.
O primeiro deles é a persistência
de larga maioria governista, na Câmara e no Senado, que mesmo permeável à
hipótese de afastamento de Temer trabalha com uma solução negociada no âmbito
do próprio Congresso, via pleito indireto.
Sequer aceitam, por enquanto,
votar uma das duas PECs que tramitam, no Senado e na Câmara, que se aprovadas
viabilizariam as diretas.
Outro
obstáculo reside no interior do movimento pelas diretas, onde manifestações de
estreiteza, sectarismo e intolerância o represam.
Ocorre que o vértice da questão
não está propriamente na forma de solução para o impasse, mas precisamente no estancamento
da agenda regressiva neoliberal. Para tanto, em favor dos trabalhadores e da
nação, tudo há de ser feito para estancá-la - por todos os meios que se
apresentem.
Aí pesa sobremaneira a variável
tempo, pois enquanto se sucedem fatos crescentemente desagradáveis, digamos
assim, envolvendo próceres governistas proeminentes e o próprio presidente
ilegítimo, a reforma trabalhista segue seu rito no Senado e o mesmo se pretende
fazer com a reforma previdenciária.
Assim, a campanha das diretas já
há que se ampliar e ganhar força rapidamente. Por todos os meios possíveis - no
parlamento, nas redes sociais, nos salões e nas ruas.
Urge superar a defasagem entre o
desejo majoritário - superior a 80 por cento da população, segundo pesquisas
recentes - de realização do pleito direto e o tamanho da pressão na ruas.
Superar a dimensão ainda reduzida
do arco de forças sociais e políticas efetivamente envolvido na campanha - hoje
basicamente composto pelos partidos situados à esquerda, as centrais sindicais
e entidades do movimento social, como a UNE e tantas outras e personalidades
influentes.
É muito, mas ainda não muito.
Diferentemente da campanha pelas diretas em 1984, que contava com importantes
setores situados ao centro e o empenho direto de governadores e outros
mandatários; e, a partir de certo instante, com parte significativa da própria
mídia monopolizada.
Por oura parte, nesse contexto, mesmo
em minoria, as forças democráticas não podem se furtar à complexa peleja do
diálogo plural e da exploração de todas as possibilidades de rachaduras na base
parlamentar governista.
Interditar essa trincheira seria
tão inconsequente quanto debandar para a pura e simples agitação e para o
protesto "principista", à margem do curso real dos acontecimentos.
Bons seguidores do gênio tático
João Amazonas, os comunistas encaram a luta em todas as suas possibilidades,
com a autoridade de ocuparem a linha de frente do combate nas ruas.
Como ocorreu na derrocada da
ditadura militar, em que se fez a batalha onde ela se apresentou e não apenas
aonde gostaríamos que ela exclusivamente acontecesse.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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