A essência do retrocesso
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Quando uma sociedade perde a perspectiva sacrifica em primeiro lugar o projeto de nação.
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Quando uma sociedade perde a perspectiva sacrifica em primeiro lugar o projeto de nação.
É o que revela a história dos
povos mundo afora.
É o que ocorre agora no Brasil,
com a desastrosa interrupção do ciclo transformador que se operava desde 2003 e
naufragou com o impeachment da presidenta Dilma.
Não é à toa que o golpe, à
semelhança do ocorrido em 1964, se deu através da conjugação de forças externas
com o que há de mais retrógrado no âmbito interno.
Agora, mais do que antes, sob um
comando que se move por ideias e mecanismos ultrasofisticados.
É o capital financeiro na sua
forma mais avançada, seus tentáculos transacionais experimentando meios de
reconfiguração do processo de acumulação de capital e resistindo como pode à
transição da hegemonia absoluta norte-americana a um mundo multipolar,
que lhe foge ao controle.
Nessa agenda tem destaque o ataque
aos Estados nacionais.
Temer e seu grupo, uma vez no
posto, logo cuidaram de torpedear elementos que se somavam no sentido da afirmação
do Brasil como nação soberana: a Petrobras, a hegemonia sobre a exploração do
pré-sal, o BDNDES, os bancos públicos, a engenharia nacional, os projetos do submarino
nuclear, da usina de Angra 3, da produção de mísseis para os caças Gripen e de
foguete para a base de Alcântara e a
diversificação das relações comerciais e diplomáticas, despidas de subserviência
aos EUA.
Tanto que vozes como a de Bresser
Pereira, à testa do “Manifesto Projeto Brasil Nação”, denunciam o retorno à “dependência colonial”
como essência do projeto golpista.
O desmonte de conquistas e
direitos, consignado com clareza nas reformas trabalhista e previdenciária e na
fragilização de programas sociais de extensa cobertura, implicam sim
consequências dramáticas para as condições de existência do povo. Porém mais
dramático ainda é o esgarçamento dos ainda frágeis pilares do Estado nacional.
Mas no confuso e dispersivo
ambiente instaurado pós-impeachment, a questão nacional frequenta o discurso da
resistência ainda de modo tímido. Uma debilidade a ser superada.
De fato, a retomada do
desenvolvimento com soberania e inclusão social há que se pautar por uma
plataforma que cruze as vertentes nacional, social e democrática, sob a
primazia da primeira.
Por extensão, uma plataforma
fundada nessa matriz se fará apta a aglutinar uma coalizão política e social ampla
e plural, na dimensão correspondente à envergadura dos desafios a enfrentar.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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