Dependência mútua em areia movediça
Luciano Siqueira
Luciano Siqueira
No Portal Vermelho, Blog do Renato e Blog de Jamildo/portal ne10
O PSDB decidiu permanecer no governo, mas nem tanto. Temer se apoia no PSDB, mas nem tanto... Como se dizia antigamente, tudo "meia sola".
O PSDB decidiu permanecer no governo, mas nem tanto. Temer se apoia no PSDB, mas nem tanto... Como se dizia antigamente, tudo "meia sola".
A relação entre tucanos e
peemedebistas se faz assim, sob a espada de Dâmocles de novas revelações de
envolvimento de ambos com atos de corrupção. Nenhuma das partes se sente
segura. Nem acredita em fidelidade.
Por que, então, celebram de
público uma aliança tão movediça?
Porque não têm outra alternativa,
ora.
Da parte dos tucanos, o argumento
principal para a manutenção de tão conturbado casamento é o interesse de
concretizar as reformas trabalhista e previdenciária, pontas de lança da agenda
regressiva neoliberal encetada pelo governo Temer. Como disse recentemente o
senador afastado Aécio Neves, “como sair de um governo cujo programa foi o PSDB
que formulou?”
Contam com o poder de persuasão de
Temer sobre parlamentares indecisos, via manipulação da liberação de emendas e
outros favores.
Mas estamos quase às vésperas de
um novo pleito, previsto para outubro do ano vindouro. Deputados e senadores (e
também parlamentares temporariamente ministros) envolvidos com um governo cuja
aceitação pela população é inferior a dez por cento certamente temem o revés
nas urnas.
Temem, mas não o suficiente para
mudarem de lado agora. Por duas razões muito concretas.
Uma, o compromisso das duas
agremiações, sustentado pelo núcleo duro das direções partidárias e das suas lideranças
no parlamento, com o chamado Mercado (ou seja, o setor rentista da elite
dominante).
Afinal, por trás das cortinas é o
Mercado que dita as regras a serem seguidas pelo complô
parlamentar-policial-judiciário-midiático que patrocina e mantém a atual
situação de absoluta falta de rumo e de instabilidade política e institucional.
Isto como consequência de
inteligente e eficaz exploração dos erros cometidos no primeiro ano do governo
deposto, causados em boa parte por concepções exclusivistas e sectárias da
força hegemônica da coalizão que então dirigia o país.
Erros políticos, sobretudo, que
abriram flancos para o desmonte do conjunto das políticas que vinham
proporcionando transformações sociais de grande monta, sem precedentes na
história de nossa frágil República.
O centro político, que em aliança
com a esquerda, dava sustentação aos governos petistas, migrou para a direita e
gerou a cena atual.
Acresce que, se a direção do
processo situada no establishment financeiro tem norte claro e determinação
suficiente para segurar as rédeas, a operação política se faz por uma gama de
legendas partidárias internamente fracionadas e de lideranças chamuscadas por
denúncias de corrupção.
É o pano de fundo da aparentemente
esdrúxula aliança PMDB-PSDB, com os tucanos a condicionando ao noticiário
diário.
Em tempo: o mesmo PSDB que decidiu
ficar no governo apela ao STF contra a decisão do TSE que absolveu o chefe
desse governo, tentando ainda cassá-lo.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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