Por trás das cortinas
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
O julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, que se inicia hoje, é uma das trincheiras onde se dá a peleja entre a sociedade brasileira - difusamente representada - e Michel Temer, encurralado no Jaburu, em torno da queda ou da permanência do ilegítimo presidente no cargo.
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
O julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, que se inicia hoje, é uma das trincheiras onde se dá a peleja entre a sociedade brasileira - difusamente representada - e Michel Temer, encurralado no Jaburu, em torno da queda ou da permanência do ilegítimo presidente no cargo.
As hipóteses da renúncia
negociada, com o contrapeso de uma forma qualquer de indulto, para que Temer
não venha a ser preso; ou mesmo o impeachment, mesmo traumaticamente demorado,
continuam à mesa.
Assim como a própria permanência
do presidente como uma espécie de morto-vivo cuja função seria meramente
decorativa – bem a seu estilo -, enquanto Meirelles & Cia cuidariam de efetivamente
governar.
A refrega se dá sob a iniciativa primordial
dos aparatos judiciário e policial, embora caiba à Câmara e ao Senado a decisão
e o encaminhamento sobre a forma da eventual deposição de Temer e sua
substituição via pleito direto ou indireto.
Nesse emaranhado
político-jurídico, a essência da contenda esta na agenda regressiva neoliberal.
As forças que vão às ruas em prol
das diretas empunham a resistência contra as reformas trabalhista e
previdenciária, símbolos mais perceptíveis de um conjunto de medidas
regressivas postas em andamento sob o interesse e comando do Mercado financeiro.
Assim, o tal Mercado, que via de
regra atua por trás das cortinas mas dita o conteúdo e o tom da mídia
hegemônica e o comportamento dos principais atores hoje preponderantes na cena
política, na prática é o principal adversário do povo brasileiro.
Mas, salvo quando ministros,
parlamentares ou comentaristas midiáticos desejam acentuar como argumento de
autoridade, o Mercado é mencionado.
Medida tal ou qual é apresentada
como chancelada pelo Mercado, como se isso lhe desse antecipadamente uma
espécie de selo de qualidade...
Do ponto de vista das oposições, a
questão nodal é exatamente barrar, ainda que temporariamente, a agenda das
reformas antipopulares. Seja qual for o caminho que se apresente como viável.
Daí a necessidade de fazer permear
a disputa política, hoje a um só tempo tão grave quanto
degradada e incerta,
pelo debate concreto e irrecusável dos rumos do país.
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