Mídia faz coro para criminalizar resistência à
cassação de Lula
No golpe, a
movimentação do campo conservador é feita a partir da narrativa midiática.
Evidenciando que não há pluralidade na mídia, os editoriais e as notícias dos
principais jornais do Brasil neste domingo foram uníssonos na tese de
criminalização da resistência contra a cassação da candidatura do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Por Dayane Santos, no portal Vermelho
Por Dayane Santos, no portal Vermelho
O alvo das críticas é o programa da coligação Povo Feliz de
Novo (PT, PCdoB e Pros) deste sábado (1º/9), que denunciou a perseguição
política enfrentada pelo ex-presidente.
O Estado de S.Paulo disse que, apesar da decisão do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) de barrar a candidatura de Lula à presidência, o PT
insistiu em inserir o ex-presidente no jogo eleitoral.
"Após decisão do TSE, PT afronta o Judiciário e insiste
em Lula", informa a manchete do Estadão, que diz ainda que a propaganda
eleitoral política veiculada pela coligação "atacou" o TSE e
apresentou Haddad e Lula, sem esclarecer quem é o candidato do partido.
A Folha de S.Paulo, não por coincidência, seguiu o mesmo
roteiro. "PT insiste em Lula e critica Justiça no programa da TV",
sublinha o título da Folha, que enfatiza que a legenda manteve o nome de Lula
como seu candidato à presidência.
A família Marinho, comandante da campanha contra o ex-presidente,
dedicou seu editorial no jornal O Globo para dar um verniz a decisão do TSE que
cassou os direitos políticos do ex-presidente e atropelou a limitar do Comitê
de Direitos Humanos da ONU, colando o Brasil à margem dos tratados
internacionais sobre direitos humanos.
"Esse
comitê é órgão administrativo, sem competência jurisdicional. Os peritos
opinaram sem sequer ouvir a parte interessada, no caso o Estado brasileiro —
lembrou o ministro-relator do caso, Luís Barroso", diz o texto do Globo.
Enquanto
renomados juristas, brasileiros e estrangeiros, além de lideranças políticas,
intelectuais e artistas denunciam a violação dos direitos humanos, a Globo diz
tudo está de acordo com a lei, ignorando a decisão da ONU, e somente citando a
Lei da Ficha Limpa.
"A
realidade, no entanto, é imutável: as instituições funcionaram, resguardou-se a
jurisprudência, e a Lei da Ficha Limpa vale para todos", diz o editorial.
A narrativa da
inelegibilidade de Lula foi lançada bem antes da prisão do ex-presidente. A
colunista Eliane Cantanhêde, do Estadão, chegou a dizer que a candidatura de
Lula era ficção. “Lula não tem a mínima condição de se candidatar nem a
ministro do Trabalho na vaga da deputada Cristiane Brasil, quanto mais a
presidente”, disse.
Após a condenação
sem provas por Sérgio Moro, a mídia reforçou o discursos sobre as eleições
2018, dando um tom de favas contadas. O Globo, em sua manchete de capa dizia:
“Condenação unânime esvazia candidatura de Lula ao Planalto”. Tudo para tentar
levar Lula e as forças progressistas a desistir da candidatura.
Enquanto a
grande mídia tenta fabricar uma derrota, a realidade demonstra que sua
estratégia fracassou. Após a condenação em segunda instância e sua prisão, em 7
de abril, Lula foi submetido a um regime de isolamento, sem poder conceder
entrevistas e com visitas condicionadas a um forte regime de restritivo.
O discurso da
inelegibilidade não foi suficiente para retirar Lula do páreo. Ele lidera todas
as pesquisas de intenção de votos já realizadas. Por isso, os jornais têm
buscado investir na estratégia de criminalizar a resistência.
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