Resistência e vida
Leta Vieira de Sousa,
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Hoje fazem 42 anos
que um casal teve a coragem de romper as barreiras da prisão, gerando vida.
Uma mulher, sem
nenhuma assistência, sem direitos básicos, sem pré natal, teve a coragem de ter
uma filha nas condições precárias de um presídio.
O único exame que fez
foi porque uma companheira guerreira teve a audácia de coletar seu sangue e
sair com ele escondido para ter, ao menos, uma noção de como estava a gestação.
É o dia em que essa
mulher foi levada algemada, com grande reforço policial (afinal, uma mulher
parindo impõe um risco de realizar uma mega ação de fuga), para um hospital.
Precisou ser em hospital particular porque o hospital militar não receberia a
subversiva perigosa.
É também o dia em que
muitos companheiros desse casal, mesmo sob risco de prisão, foram ao hospital
para garantir que mãe e filha sairiam vivas de lá.
Ela teve uma filha,
que pôde ver sob interrogatório, com armas ameaçadoras, porque algum grupo
havia realizado alguma ação e ela, presa há seis anos, certamente teria muita
informação a dar.
Alguns podem dizer
que essa mulher foi irresponsável. Não, ela foi e é desprendida de si mesma.
Mesmo com a certeza de que quando (e se) saísse da prisão, sua filha já seria
adulta. Mesmo tendo conhecido o que há de pior na humanidade. Ela deu vida por
acreditar no futuro em liberdade da sua filha, para além de si, para além das
grades. Essa é a força dessa mulher e de tantas outras.
Quando falamos de
ditadura e tortura, falamos de momentos assim, da supressão do direito básico
do nascimento, da vida e de assistência.
Um grande parabéns à
minha mãe guerreira. Ao meu pai que só me viu tempos depois. Aos pais e mães
que nos protegeram, cuidaram e amaram. Amo essa nossa enorme família!
[Ilustração: Do blog Viver a arte]
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