27 agosto 2019

Uma crônica do cotidiano


Grupos no WhatsApp, sim ou não?
Luciano Siqueira

Tenho enorme dificuldade de acompanhar grupos no WhatsApp, mesmo os presumivelmente importantes.

Incomoda-me o excesso de elogios mútuos em tom nitidamente demagógico, as mensagens de autoajuda e as piadas quase sempre de péssimo gosto.

E quando algo importante é postado, frequentemente perco de vista por causa da profusão das bobagens que se seguem.

Ainda estou em uns três grupos por absoluta necessidade – ou impossibilidade de sair. Mas sou, seguramente, o integrante mais desatento.

Já as listas de transmissão eu gosto. Faço chegar uma mensagem a uns duzentos e poucos amigos e amigas por lista; as respostas só eu as recebo e a partir daí travamos um bom e objetivo diálogo.

Mas bem sei que a proliferação de grupos é uma imensa e incontrolável praga. As pessoas mais se divertem do que trocam informações de interesse comum, ideias e experiências.

Esse tipo de diversão não me interessa.

Os grupos de WhatsApp também servem para destilar ideias extremistas, sectárias e odiosas. Uma espécie de catarse de tresloucados.

A Folha de S. Paulo acompanhou alguns grupos de extrema direita por um meio ardiloso que protegeu a reportagem.

Alguns deles se dizem fascistas e exibem fotos de ícones do nasi-fascismo: Adolf Hitler, Benito Mussolini, Plínio Salgado, Antonio Salazar e que tais.

Alguns apoiam o capitão Jair Bolsonaro plenamente, outros nem tanto – com a ressalva de que o consideram “liberal”.

Contraditoriamente, vários deles têm no sionismo e no Estado de Israel alvos preferidos. Negam a ocorrência do Holocausto.

LGBTs também estão entre os alvos prediletos, assim como “comunistas”, segundo conceito algo difuso.
Há muito lixo. Sequer tive paciência de ler toda a reportagem. Tenho mais que fazer.
Mas o fato é que grupos bem administrados e com foco definido bem que poderiam ser úteis. Afinal, como diz um competente e sério companheiro de luta, nos dias que correm o que não estiver no WhatsApp praticamente não existe.
Será?
[Ilustração: LS]
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