Luciana Santos:
“participar de toda e qualquer luta contra Bolsonaro”
Eliz Brandão, www.pcdob.org.br
Ao participar da reunião da frente de massas do PCdoB, que se reuniu na tarde desta quarta-feira (27), por videoconferência, a presidenta da legenda, Luciana Santos falou sobre manifestações pelo “Fora, Bolsonaro”, fez uma atualização da conjuntura política, destacou a aprovação do relatório da CPI no Senado e defendeu a participação do PCdoB em toda e qualquer luta contra Bolsonaro.
A
dirigente iniciou sua fala lembrando que o encontro acontece após o 15º
Congresso partidário, em que foi eleita a nova direção nacional. Para a
presidenta do PCdoB, é preciso tirar “consequências do que debatemos no
congresso, no sentido de acumular força e dentro dos aspectos estruturantes
está a nossa atuação na frente de massa”, recordou Luciana.
A reunião
entre a presidência do Partido e os dirigentes das entidades de massa é
importante, pois, segundo ela, “para de fato haver uma dinâmica cada vez mais
sistêmica dessa troca de ideias com a presidência. Essa é uma das nossas
responsabilidades e que é proficiente da presidência estabelecer um fluxo maior
de troca de ideias. Até porque o quadro político vai exigir cada vez mais, pela
gravidade e complexidade que vamos passar daqui para o ano que vem”, destacou a
dirigente, elucidando a importância e a capacidade política do PCdoB.
“Nós
temos influência em segmentos importantes da nossa sociedade, influência
política e autoridade política maior ainda e, por isso mesmo temos grandes
responsabilidades”.
A
presidenta discorreu ainda sobre a ideia de construção de uma frente ampla defendida
com afinco pelo PCdoB. Segundo ela, “a frente ampla ganhou força, pois ela é
uma tática justa e nós não podemos deixar passar em branco, temos que
confrontar, independente da vontade dos sectários e do esquerdismo”, afirmou
Luciana.
Abrir
novas frentes de luta
A
dirigente ponderou com os representantes dos movimentos sociais presentes na
reunião que se deve aproveitar novas iniciativas de luta popular. Elogiou ainda
as ações do “Direitos Já – Fórum pela democracia” e contou que quadros
políticos do PCdoB atuam neste movimento “mais autônomo e amplo”. Considerou
importante participar e perseguir na defesa de áreas como a Ciência e a
Cultura, “nós temos laços com representantes da cultura popular brasileira”,
temos que tomar iniciativas com outros movimentos, com formatos diferentes,
exemplificou.
“Devemos
ter iniciativas nas áreas que se tenham amplitude e também podemos realiza-los
com formatos diferentes, sugeriu. “Fazer movimentos amplos, tudo que a gente
puder fazer para estar no meio do povo, não se deve medir esforços”, defendeu a
dirigente. “Multiplicar e sempre defender a tese de não fragmentar”, explanou.
Próximas
manifestações de rua
Luciana
lamentou haver dispersão nas manifestações de rua em um momento muito
importante para a construção da frente ampla. Para ela, a mobilização para a
próxima manifestação de rua, marcada para o dia 15 de novembro deve continuar e
o PCdoB terá muita disposição em participar.
“Na minha
opinião a gente participaria de toda e qualquer iniciativa, grande, pequeno, a
gente vai para dentro e só podemos lamentar que esse processo não se dê de
maneira mais ampla”.
Para a
presidenta do PCdoB, é equivocado haver dispersão. Acho que é um passo atrás no
processo que víamos construindo. “Mas a gente vai participar de toda e qualquer
luta contra Bolsonaro”.
Cenário
político
Luciana
Santos considerou que o cenário político “está evoluindo com rapidez, ao
compasso que, na mesma proporção que Bolsonaro acumula desgaste, reveses, o
ambiente da política eleitoral ganha força”, ponderou, como a apresentação de
candidaturas à presidência, além da realização de algumas prévias de partidos.
“Esses passos trazem consequências objetivas para a dinâmica política e social.
As tensões das disputas das pré-candidaturas se expressam nas construções
políticas e se evidencia como ambiente de disputa”.
A
presidenta ressaltou ainda como a questão econômica atinge a população
brasileira. “O ambiente de degradação social é crescente. A inflação saindo do
controle e afetando os setores mais populares, a política de preço do
combustível que aumenta cada dia mais e coloca a equipe de Bolsonaro na
defensiva, incluindo o crescente descontentamento dos caminhoneiros. “O fato é
que a danada da gasolina não para de crescer exatamente pela política de preços
da Petrobras que associa o preço do combustível ao barril de petróleo no
mercado internacional, ou seja, no dólar”. O elevado preço dos combustíveis,
disse Luciana, também é impactado porque diminuíram a produção dos derivados
que eram realizados por refinarias e também para servir aos interesses de
acionistas.
O
relatório da CPI da Covid-19 e as próximas manifestações
Luciana
considerou o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado
-aprovado nesta terça-feira (26) – o episódio de maior envergadura na quadra
política. Na opinião da presidenta, o relatório da CPI é “bastante
contundente”, mas que pode engrossar as mobilizações do 15 de novembro”.
“Camaradas,
é uma peça de denúncia contundente, amplia bastante a pressão sobre o governo,
expõe a fragilidade do presidente. O texto final pede o indiciamento do
presidente por nove crimes, entre os quais por charlatanismo, prevaricação,
crimes contra a humanidade, crime de responsabilidade e também pelo agravamento
da pandemia do novo coronavírus que deixou mais de 600 mil mortes, o descaso
que teve no combate à pandemia e no atraso da vacinação. Essa é a síntese do
relatório da CPI”, disse a presidenta.
Apesar de
isolado Bolsonaro mostra seu poder de fogo
Para a
presidenta do PCdoB, apesar de isolado, Bolsonaro mostra o seu poder de fogo.
Mandou às favas a austeridade fiscal e o foco do governo é garantir a
continuidade de seu projeto de poder. Apresenta o programa Auxílio Brasil, além
de um conjunto de medidas destinadas ao Nordeste e orçamento secreto como forma
de manter força na Câmara dos Deputados. Está na disputa e possui instrumentos
de poder.
“O
bolsonarimo é um fenômeno que estabeleceu raízes no seio da sociedade
brasileira. A luta para derrotar essa corrente política e pensamento de extrema
direita não se limitará, será uma longa jornada de luta político ideológica”.
A
política do PCdoB sempre foi frentista
“Ao longo
desses anos, camaradas, a nossa política é frentista, sempre foi de formação de
frentes amplas, sejam elas na esfera política ou social”. E em muitas épocas,
disse ela, “as circunstâncias não se permitem que a frente se conforma em um
único espaço, acaba surgindo vários e a gente precisa onde a unidade se
desenvolve na luta política concreta e a gente em que ter capacidade de ser
dialético e conviver com essas contradições, mas sempre com estratégia e com
foco ali, na frente ampla, são inúmeras as iniciativas, mas que se rumam todas
para o enfrentamento do governo Bolsonaro”, avaliou.
Luciana
enumerou diversas frentes de luta, como a Frente Povo Sem Medo, a Frente Brasil
Popular, Direitos Já, o fórum das Centrais Sindicais, a frente de partidos de
Oposição, de governadores, de servidores públicos, das mulheres, ou seja, disse
ela, “vai se conformando no auge das lutas de rua, teve até torcida
organizada”, lembrou Luciana.
“A gente
tem que ter cabeça aberta para pensar como agrupar setores sociais de várias
naturezas que possam se contrapor ao governo Bolsonaro. E também são cíclicos,
ganham forças em decorrência das circunstâncias políticas”.
A
presidenta lembrou que na década de 1990, existia o Fórum Nacional de Lutas –
que travava a luta contra as políticas neoliberais de FHC, sendo determinante
no enfrentamento da desestabilização do governo de direita. Depois
constituiu-se a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), para ajudar o governo
Lula alavancar as conquistas deste mandato.
E no
período mais recente, nós tivemos em 2015, a criação dessa Frente Brasil
Popular, que defendia os direitos do povo, a democracia, fez a defesa do
mandato de Dilma enquanto ocorria tentativas de golpe. Que logo se reposicionou
e fez a luta contra o processo de impeachment da presidenta. Logo depois, foi
criada a Frente Povo Sem Medo, com forte componente da luta pela moradia, mas
se articulava em torno de pautas de defesa dos direitos sociais, dos
trabalhadores, pela democracia e pelo Poder Popular e hoje faz o enfrentamento
do Fora, Bolsonaro.
As duas
frentes – Brasil Popular e Povo Sem Medo – no momento que o golpe se
apresenta de maneira mais concreta, se unem e estão tendo ações de rua
sistematicamente, foi contra o golpe, na resistência ao governo Temer e
continua na luta contra os retrocessos do governo Bolsonaro.
A
dirigente considerou que a campanha Foro Bolsonaro é o movimento “mais amplo
que se tem” e que as entidades devem dar continuidade as ações dessa campanha.
Sem abandonar outras iniciativas. “Creio que com calma e sem paralisia, temos
que pensar como produzir mais sinergia entre nossas entidades, como desenvolver
os trabalhos concretos, de territorialidade, como cursinhos em regiões
periféricas, e outras iniciativas. É na esfera do trabalho de massas, que
devemos refletir, criar massa crítica e dar início aos esforços. Contudo em
nada contraria ocuparmos espaços amplos de coordenação”, sugeriu.
Luciana
salientou ainda que a direção eleita no 15º Congresso do PCdoB debate um novo
conceito de direção e para isso, “vamos buscar neste próximo período dialogar
com camaradas que atuam nessa esfera da luta política e para nos organizarmos e
dar acompanhamento para colocar em prática, cada vez mais, uma renovação da
nossa linha de massas, aspecto central para o processo de revigoramento do
partido e determinante para o êxito de nossa atuação”, completou a dirigente.
A reunião
foi dirigida pelos secretários da frente de massas do PCdoB, Nivaldo Santana
(Sindical), Liège Rocha (Movimentos Sociais ) e André Tokarski (Juventude).
Participaram
da reunião também o vice-presidente do PCdoB e secretário de Política e
Relações Internacionais do Partido, Walter Sorrentino. E os presidentes da CTB,
Adilson Araujo e o Secretário Geral, Carlos Rogério; da UNE, Bruna Brelaz; da
Ubes, Rozana Barroso; da UJS, Tiago Morbach; da ANPG, Flávia Calé; da UBM,
Vanja Andrea Santos; da CMB, Glaucia Morelli; da Unegro, Angela Guimarães e o
vice-presidente, Edson França; da Conam, Getúlio Vargas.
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