Casos de covid aumentam, mas vacinação reduz
procura por leitos
Especialistas insistem na
continuidade do uso de máscara em ambientes com aglomeração de pessoas.
Vacinação precisa fazer busca ativa para atingir as pessoas mais resistentes,
além de continuar reforçando as doses em idosos e pessoas com comorbidades para
evitar lotação de hospitais.
Cezar Xavier, Vermelho www.vermelho.org.br
O Panorama Covid-19, divulgado hoje (17) pela Secretaria de Estado de
Saúde (SES) do Rio de Janeiro, mostra cenário com tendência de crescimento dos
indicadores precoces da covid-19, mas com busca de leitos ainda em patamares
baixos. A análise feita no Rio de Janeiro se reflete em grande parte do país
(MS, DF, GO, AM, SP, ES, RS, MT, BA, PE). Existe o alerta dos governos para que
as pessoas evitem se expor ao vírus, mas, principalmente, completar seu esquema
vacinal.
A maioria dos especialistas continua defendendo que o cenário é de “oscilação para cima” nos índices, mas que o risco de agravamento da pandemia é baixo, com o sistema hospitalar sob controle. A orientação de voltar a usar máscaras em ambientes fechados ou com aglomerações é a mais repetida pelos epidemiologistas, mesmo que os governos não obriguem. Há também a preocupação com a dificuldade de continuar avançando na vacinação, embora a alta taxa de pessoas imunizadas seja um trunfo do Brasil contra a doença.
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“Reforçamos o alerta para que as pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal primário (primeira e segunda doses) e aquelas que já estão em tempo de tomar as doses de reforço que procurem um posto de saúde o quanto antes para receber a imunização. As vacinas são seguras e são a forma mais eficaz que temos para evitar casos graves e óbitos pela covid-19”, afirmou o secretário de Estado de Saúde do RJ, Alexandre Chieppe, em entrevista coletiva de ontem (17).
As solicitações de leitos para covid-19 apresentaram discreto aumento em relação à semana anterior, com média diária de 13 para UTI e de 14 para enfermaria. Na semana de 29 de maio a 5 de junho, foram 13 solicitações para UTI e 12 para enfermaria. Com a dificuldade de captar o aumento do contágios, devido ao auto-teste comprado em farmácia, os dados de ocupação de leitos são o melhor indicador da evolução da pandemia, atualmente.
A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) registrou um aumento de 219% no número total de casos positivos de Covid-19 após testagens em farmácia entre a 1ª semana de maio e a 2ª semana de junho. Avalia-se que haja uma subnotificação de casos pelo governo, que evita incluir os números de auto-teste na conta oficial. Por isso, é tão importante acompanhar a ocupação de leitos nos hospitais.
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“Está muito evidente a necessidade de a população manter o autocuidado. Além disso, precisamos ter mais celeridade no cronograma das doses de reforço para evitar que o vírus se replique”, declarou o CEO da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, em um comunicado. É mais uma voz reforçando o coro dos que defendem a continuidade do uso de máscaras e o avanço da vacinação.
O epidemiologista Jesem Orellana, da FioCruz Amazônia, falou em
entrevista sobre o cenário do Amazonas, que é apresentado pelo governo como de
baixo risco para covid. Como outros especialistas, ele diz que não dá para
ignorar a subnotificação com a queda de testagem no sistema de saúde. “As novas
variantes permitem reinfecção em intervalos até mais curtos que antes, o que
demonstra a capacidade das variantes se adaptarem”.
Ele também critica o incentivo do governo do Amazonas à realização de
grandes festas juninas e o Festival de Parintins, sem uso de máscaras, num
momento de avanço de contágios. “O presidente Jair Bolsonaro veio justamente ao
Amazonas, um estado que sofre muito com a pandemia, e promove aglomerações em
motociatas, numa irresponsabilidade com a saúde pública”, criticou, alertando
para o risco das aglomeraç˜ões favorecerem o surgimento de novas variantes
ainda mais contagiosas.
Por mais que o cenário favoreça as doenças respiratórias e a
proliferação de variantes mais contagiosas, a vacinação tem contribuído para
evitar o agravamento da doença e a lotação de hospitais. No entanto, é preciso
compreender que quase 150 pessoas estão morrendo de covid-19 todos os dias,
pelo país. São pessoas que não se vacinaram adequadamente, em sua maioria, ou
perfis mais vulneráveis ao agravamento da doença, como idosos e pessoas com
comorbidades (doenças que favorecem o agravamento da infecção).
Jesem defende algumas medidas neste momento, que os governos estaduais e
federal deveriam estar implementando. Na opinião dele, deveriam aumentar a
testagem, promover a vacinação e buscar na legislação medidas de penalização de
pessoas que insistem em não se vacinar, além de campanhas para popularizar o
uso de máscaras. “Você anda pelo interior do Amazonas e não encontra mais
álcool gel ou uso de máscaras, o que torna o Amazonas um centro de disseminação
de novas variantes virais”, observou.
O Brasil registrou nesta sexta-feira (17) 76 mortes pela
Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 668.968 desde o
início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias é
de 137. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi
de 58%, indicando tendência de alta nos óbitos pela
doença pelo oitavo dia seguido.
No total, o país registrou 31.671.199 novos diagnósticos de
Covid-19 em 24 horas, completando 30.424 casos conhecidos desde o início
da pandemia. Com isso, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 36.447,
variação de 22% em relação a duas semanas atrás.
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