Bolsonaro é
denunciado à Comissão Interamericana e OEA por ameaças à liberdade de expressão
Rodrigo Castro, O Globo
O Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais no Brasil (Demos), idealizado por juristas e acadêmicos, denunciou Jair Bolsonaro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à relatoria da OEA por ameaças à liberdade de expressão frente ao pleito que se avizinha.
No
documento, o grupo alerta que, no último período eleitoral de 2018, já houve um
estímulo ao disparo de mensagens falsas e manipuladas como mecanismo de difusão
de discurso de ódio nas redes.
Afirma
que, no Brasil, tal estratégia tem o objetivo de fragilizar opositores. E cita
que a retórica do presidente da República se baseia em uma suposta defesa da
liberdade de expressão, embora somente àqueles que compartilham apreço por suas
ideias.
Veja: Quem
semeia o caos colhe o quê? https://bit.ly/3zPlBnw
A
denúncia expõe que Bolsonaro emitiu 1.682 declarações falaciosas apenas em
2020. Contextualiza ainda que a disseminação de notícias falsas e ataques é
alvo de investigação do Legislativo e Judiciário, como o inquérito das fake
news no STF.
"O
governo Bolsonaro e sua rede de apoio constroem um discurso que busca
caracterizar o controle de abusos nos discursos desinformativos como uma forma
de censura. Evocando uma aparência de legalidade, o presidente tenta impor
obstáculo que impedem o exercício da moderação de conteúdo, permitindo a
difusão de discursos nocivos", diz o observatório.
Os
signatários pedem que as entidades solicitem ao Estado brasileiro informações
sobre as medidas adotadas para coibir a desinformação e garantir a liberdade de
expressão. Também requerem que seja formulada uma recomendação ao governo para
tomar providências a favor dos direitos humanos, além de promover audiências
sobre o tema e uma reunião para investigar o respeito à democracia durante o
processo eleitoral.
A
iniciativa conta com o apoio de entidades brasileiros ligadas aos direitos
humanos e à liberdade de expressão, como a Abraji , APIB e ABJD.
Integram
o comitê executivo do observatório pesquisadores de direito e ciência política,
como Estefânia Maria Barboza, Emílio Peluso Meyer, Clara Iglesias e Diego
Arguelhes. Subscrevem o documento outros importantes acadêmicos, entre eles
Marcos Nobre, Sérgio Abranches, Gabriela Lotta e Christian Lynch.
.
Veja: O inferno astral de Jair Bolsonaro https://bit.ly/3Pf8TTy
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