OMS declara varíola dos macacos como emergência
de saúde pública internacional
Doença recebeu o
nível máximo de alerta do órgão; quase 17 mil casos foram diagnosticados em 75
países e 5 mortes foram confirmadas
Evelin Azevedo, O Globo
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a varíola dos macacos como
emergência de saúde pública internacional, o nível máximo de alerta do órgão. O
anúncio foi feito pelo diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na manhã
deste sábado, em uma entrevista coletiva.
Até o momento, houve 5 mortes em quase 17 mil casos diagnosticados em 75
países do mundo, incluindo o Brasil.
— Decidi declarar uma emergência de saúde pública de alcance
internacional — disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmando que o risco no
mundo é relativamente moderado, exceto na Europa, onde é alto.
Tedros explicou que o comitê de especialistas não conseguiu chegar a um
consenso e permaneceu dividido sobre a necessidade do nível mais alto de
alerta. Em última análise, a decisão cabe ao diretor-geral.
Desde o início de maio, quando foi detectada pela primeira vez fora dos
países africanos onde é endêmica, a doença afetou mais de 16.836 pessoas em 75
países, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA em
22 de julho.
Monkeypox não é uma doença sexualmente transmissível, mas fora de áreas
endêmicas afeta homens que fazem sexo com homens, com algumas exceções. De
acordo com um estudo do New England Journal of Medicine com 528 pessoas em 16
países — o maior até o momento — 95% dos casos foram transmitidos sexualmente.
— Esta forma de transmissão representa uma
oportunidade para intervenções de saúde pública direcionadas e um desafio, pois
as comunidades afetadas em alguns países enfrentam formas de discriminação com
risco de vida — disse Tedros.
O chefe da OMS também enfatizou que "há
uma preocupação real de que homens que fazem sexo com homens possam ser
estigmatizados ou culpados pelo surto, tornando mais difícil rastrear e
conter" os casos.
— É essencial que todos os países trabalhem
em estreita colaboração com as comunidades de homens que fazem sexo com homens,
para projetar e fornecer informações e serviços eficazes e adotar medidas que
protejam a saúde, os direitos humanos e a dignidade das comunidades afetadas —
afirmou Tedros.
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Na quinta-feira, Tedros expressou "sua
preocupação" com o aumento do número de casos de varíola do macaco,
durante a abertura da reunião do comitê de emergência de especialistas. Em uma
primeira reunião, em 23 de junho, a maioria dos especialistas recomendou que
Tedros não declarasse emergência de saúde pública de âmbito internacional.
Varíola no Brasil
Em apenas seis semanas desde o primeiro
diagnóstico positivo, o Brasil já contabiliza 696 casos de varíola dos macacos,
sendo a maioria em São Paulo. O país ocupa a sétima posição em número de
infectados no ranking mundial.
No entanto, o crescimento da doença no país não foi constante. Foram
necessários 28 dias para que o país chegasse ao centésimo diagnóstico. Até que
esses cem casos se tornassem 696 — o patamar atual — foram necessários apenas
16 dias.
Mesmo diante do crescimento da doença no Brasil, o Ministério da Saúde
decidiu finalizar a sala de situação criada para monitorar a disseminação da
varíola dos macacos no país no dia 13 de julho. Na ocasião, o país tinha 228
diagnósticos positivos e a pasta afirmou que continuaria monitorando os casos.
Especialistas acreditam que, a despeito do
avanço da varíola dos macacos, não há uma comunicação eficaz em relação à
prevenção e disseminação da doença por parte do Ministério da Saúde e
secretarias regionais.
Sobre a varíola dos macacos
Desde o início de maio, foi detectado um
aumento incomum de casos fora dos países da África Central e Ocidental onde o
vírus é endêmico, espalhando-se por todo o mundo, com um alto número de
infecções na Europa.
A varíola dos macacos — detectada pela
primeira vez em humanos em 1970 — é menos perigosa e contagiosa do que a varíola,
erradicada em 1980. Na maioria dos casos, os pacientes são homens relativamente
jovens, que fazem sexo com homens e geralmente vivem em cidades, disse a OMS.
Na sexta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou
estender o uso de uma vacina contra a varíola combater a propagação do
Monkeypox, que já é usada em vários países.
Em 2013, a União Europeia aprovou a vacina Imvanex, da empresa
dinamarquesa Bavarian Nordic, para prevenir a varíola. Seu uso agora é
estendido devido à sua semelhança com o vírus da varíola dos macacos. A OMS
recomenda vacinar as pessoas de maior risco, bem como os profissionais de saúde
que possam estar expostos à doença.
Os principais sintomas da doença são:
·
O início súbito de febre;
·
A adenomegalia — inchaço dos linfonodos
do pescoço;
·
E a erupção cutânea aguda.
A disseminação se dá por meio do contato mais próximo com infectados,
não sendo de rápida transmissão.
A orientação do Ministério da Saúde do Brasil é isolar casos suspeitos e
confirmados da doença, assim como monitorar as pessoas com quem os infectados
tiveram contato. Profissionais de saúde precisam comunicar possíveis casos às
secretarias de Saúde locais e estaduais, além do próprio ministério, já que a
doença é de notificação compulsória.
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