O falso otimismo com a recuperação da indústria automobilística
Os números mostram que o crescimento das exportações se deveu a
países da América do Sul e México
Luis Nassif, Jornal GGN
Hoje em dia, qualquer melhora pontual nos dados
econômicos é saudado como recuperação pela mídia. É até possível encontrar
alguma ressalva técnica no corpo da matéria. Mas a hashtag dos jornais – as
manchetes – invariavelmente expressam um otimismo muitas vezes longe da
realidade.`
Celebraram a suposta deflação, um IPCA de -0,34% em
agosto. Uma análise fria mostra que o único ítem que caiu – e, ainda assim, de
forma artificial – foram os combustíveis, Houve aumento no número de itens
pesquisador que subiram de preço.
No caso da indústria automobilísticas ocorre o mesmo. Confiras as manchetes.
O que ocorreu, de fato, foi que a produção do
setor foi afetada nos últimos meses pela falta de componentes. Quando
normalizou a ofertas de
componentes, obviamente aumentou a produção, inclusive para atender à demanda
reprimida.
Daí a importância de analisar os dados sempre de
uma expectativa de tempo mais longa.
Tomem-se os dados sobre licenciamento – os que
melhor refletem o mercado interno. No mês de agosto, houve aumento de 2,41% no
licenciamento total, em relação ao mês anterior; de 2,5% no licenciamento de
automóveis nacionais e de 1,69% nos importados. A produção aumentou 3,52%, o
que significa que houve melhora nas exportações, já que a produção (que incluir
as exportações) cresceu mais que o licencisamento.
Quando se compara o acumulado de 12 meses até
agosto de 2022, com o acumulado de 12 meses dos meses de agosto anteriores, o
quadro é totalmente diverso.
No licenciamento total houve queda de 15,16% em
relação a agosto do ano passado – período profundamente afetado pela pandemia.
Houve 18,12% de queda no licenciamento de veículos nacionais e aumento de
22,16% no de importados – que, quantitativamente, representam muito pouco.
Houve queda de 2,16% na produção em relação a agosto de 2021.
Repare
que, apesar de uma leve melhora no accumulator de agosto, a prrodução está
longe dos níveis de 2015 e mesmo de 2018.
A
única melhoria ocorreu nas exportações, que cresceram 14,73% em relação ao ano
passado, voltando praticamente aos mesmos níveis de dois anos atrás.
Agora compare as
exportações do período com as de 12 meses e 120 meses atrás. Em agosto de 2012,
as exportações somaram US$ 4,1 bilhões contra US$ 3,8 bilhões do acumulado até
agosto de 2012. Houve aumento em relação aos US$ 3,1 bilhões do ano passado,
que foi um período profundamente afetado pela pandemia.
Os números mostram que o
crescimento das exportações se deveu a países da América do Sul e México. Já a
queda foi puxada pela Argentina e países europeus.
Mesmo assim, a Argentina
continua sendo o maior mercado para os carros brasileiros, seguido da Colômbia,
México e Chile.
A pressa é
inimiga da opinião https://bit.ly/3n47CDe
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