11 setembro 2022

A versão e o fato

O falso otimismo com a recuperação da indústria automobilística

Os números mostram que o crescimento das exportações se deveu a países da América do Sul e México
Luis Nassif, Jornal GGN

 

Hoje em dia, qualquer melhora pontual nos dados econômicos é saudado como recuperação pela mídia. É até possível encontrar alguma ressalva técnica no corpo da matéria. Mas a hashtag dos jornais – as manchetes – invariavelmente expressam um otimismo muitas vezes longe da realidade.`

Celebraram a suposta deflação, um IPCA de -0,34% em agosto. Uma análise fria mostra que o único ítem que caiu – e, ainda assim, de forma artificial – foram os combustíveis, Houve aumento no número de itens pesquisador que subiram de preço.

No caso da indústria automobilísticas ocorre o mesmo. Confiras as manchetes.

O que ocorreu, de fato, foi que a produção do setor foi afetada nos últimos meses pela falta de componentes. Quando normalizou a ofertas de componentes, obviamente aumentou a produção, inclusive para atender à demanda reprimida.

Daí a importância de analisar os dados sempre de uma expectativa de tempo mais longa.

Tomem-se os dados sobre licenciamento – os que melhor refletem o mercado interno. No mês de agosto, houve aumento de 2,41% no licenciamento total, em relação ao mês anterior; de 2,5% no licenciamento de automóveis nacionais e de 1,69% nos importados. A produção aumentou 3,52%, o que significa que houve melhora nas exportações, já que a produção (que incluir as exportações) cresceu mais que o licencisamento.

Quando se compara o acumulado de 12 meses até agosto de 2022, com o acumulado de 12 meses dos meses de agosto anteriores, o quadro é totalmente diverso.

No licenciamento total houve queda de 15,16% em relação a agosto do ano passado – período profundamente afetado pela pandemia. Houve 18,12% de queda no licenciamento de veículos nacionais e aumento de 22,16% no de importados – que, quantitativamente, representam muito pouco. Houve queda de 2,16% na produção em relação a agosto de 2021.

Repare que, apesar de uma leve melhora no accumulator de agosto, a prrodução está longe dos níveis de 2015 e mesmo de 2018.

A única melhoria ocorreu nas exportações, que cresceram 14,73% em relação ao ano passado, voltando praticamente aos mesmos níveis de dois anos atrás.

Agora compare as exportações do período com as de 12 meses e 120 meses atrás. Em agosto de 2012, as exportações somaram US$ 4,1 bilhões contra US$ 3,8 bilhões do acumulado até agosto de 2012. Houve aumento em relação aos US$ 3,1 bilhões do ano passado, que foi um período profundamente afetado pela pandemia.

Os números mostram que o crescimento das exportações se deveu a países da América do Sul e México. Já a queda foi puxada pela Argentina e países europeus.

Mesmo assim, a Argentina continua sendo o maior mercado para os carros brasileiros, seguido da Colômbia, México e Chile.

 

A pressa é inimiga da opinião https://bit.ly/3n47CDe

Nenhum comentário: