MORTO-VIVOChico de Assis*
Os olhos sem brilho
espelham sonolência.
Os dentes sem presas
não mordem a carne
das coisas.
A vida aprisionada
se esvai
entre olhos
entre dentes
entre parênteses.
E o uivo de um gemido
intransitivo
prenuncia no poema
insana incompetência
de conter o morto-vivo!
[Ilustração: Pablo Picasso]
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