23 de abril: Dia de Jorge da Capadócia, santo de muitas estórias e várias religiões
Enio Lins
Na Umbanda, culto criado no Brasil, São Jorge é Ogum, divindade do ferro e do aço, da caça e dos caçadores, dono das armas, senhor dos exércitos, das guerras e de coisas mais. Na Inglaterra é o santo-padroeiro, protetor que ultrapassou os limites da briga do anglicanismo contra o catolicismo. É um dos santos mais cultuados em todo o mundo e figura sobre a qual se acumulam narrativas mil.
LENDAS DE JORGE
Tem-se o dia 23 de abril como data de sua morte, por decapitação, sentença que teria sido imposta pelo imperador romano Diocleciano, de cujo exército era oficial, no ano 303. Ele teria nascido na Capadócia (hoje território turco) e morrido em Lida (Lod, hoje território israelense) e é, sem dúvida, a figura do santuário católico sobre a qual mais fábulas foram inventadas, e a que mais colou foi a do dragão, cuja imagem se associou ao guerreiro e seu cavalo, formando um trio indissolúvel. Essa é uma lenda inglesa, segundo a qual Jorge enfrentou e matou um enorme dragão para salvar uma bela princesa, que ia ser comida pela fera. O santo herói salvou-a, com ela se casou e viveram felizes para sempre.
CASSAÇÃO E REABILITAÇÃO
Por conta das inúmeras estórias inventadas sobre o capadociano, o Vaticano sempre teve certa cisma o santo do dragão que havia se casado (onde já se viu isso?) e, na Reforma do Calendário Litúrgico de 9 de maio de 1969, sob o comando do Papa Paulo VI, o mandato de Jorge como santo foi cassado, num conjunto de 200 santidades excluídas do calendário litúrgico oficial da Igreja Católica. No ano 2000, o Papa João Paulo II reabilitou Jorge como São, devolvendo-o ao panteão católico. Na ocasião, não se falou no dragão.
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