28 abril 2024

Minha opinião

Pré-candidatos: a dimensão da peleja

Luciano Siqueira


Tenho recebido mensagens de pré-candidatos no pleito municipal deste ano, sempre marcadas por uma aparência de entusiasmo e não muito clara compreensão do tamanho da empreitada.

Oportuno revisitar o que escrevi sobre o tema em março de março de 2006, quando advertia que toda luta de certa envergadura encerra uma complexidade de variáveis (algumas óbvias, outras quase imperceptíveis ao observador pouco atento) que conformam o cenário no qual estrategistas e combatentes se movem em busca da vitória. Vale para a guerra militar, vale igualmente para as pugnas eleitorais.

Dentre essas variáveis, na luta eleitoral, está a relação entre a subjetividade dos candidatos envolvidos e a dimensão das exigências e desafios que se colocam diante deles, conforme o papel de cada um.

O candidato é um misto de gladiador, de quem se espera tudo menos que vacile na arena; e de intérprete dos sentimentos e das aspirações da classe e dos segmentos de classe que pretende representar – reclamos, agruras, interesses objetivos, expectativas e esperanças.

Quem já foi candidato sabe muito bem do que se trata.

“Em você voto com gosto, entro na sua campanha com emoção”, são expressões que animam e entusiasmam, mas dão também aquele frio na espinha.

Você responde mentalmente, para si mesmo: “Não posso decepcionar essa gente!”

Por isso, tem razão Tavares Júnior, militante do PCdoB: “por mais dimensões coletivas que estejam presentes na construção das candidaturas, a face de cada uma delas não é apenas política e/ou ideológica. Sabemos todos que a personalidade do candidato e sua trajetória de vida adquirem especial relevância na exposição da candidatura e no processo da campanha como um todo”.

É aí que o bicho pega. 

A condição de candidato – portanto de instrumento da vontade coletiva – impõe exigências no plano subjetivo nada desprezíveis por parte do próprio e dos que o cercam. 

Não basta estar convencido da missão, sustentar um discurso correto e compreensível; é imprescindível que esteja sereno, motivado, emocional e psicologicamente bem resolvido. 

Pois mais até do que a resistência física – que Tancredo Neves citava como pré-requisito indispensável -, pesa o estado de espírito, que precisa exibir coragem e leveza - para que o candidato atraia, agregue, entusiasme, convença, lidere.

Leia: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/04/minha-opiniaopolitica_23.html 

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