Poema biográfico
Orley Mesquita
Minha vida sou eu de lado alado.
Se colho uma flor do meu jardim
Um gato reinventa-se no telhado.
Quando a lua me deixa embriagado,
Cerro os olhos de nojo e sofrimento.
Visto meu terno branco, hoje cinzento,
E vou-me divertindo com o diabo.
A noite do que fui deixou-me cego;
Nem me restaram versos a rezar.
Cubro meu corpo de jóias impossíveis
E bebo geometrias do sonhar.
Faço contas. Passo tudo a limpo.
Varro o chão de vidro do pesar.
Embriaga-me o fruto adormecido
E sou meu próprio sangue: sou o mar.
Prego bandeiras de papel carbono
Datilografo o nome a rasurar.
Corrijo o verbo, penso esquecimentos,
E referto de mim vou-me deitar
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