2,4 milhões de mulheres sofreram agressões físicas em um ano, aponta pesquisa
27% da população diz conhecer vítimas de violência doméstica
Iram Alfaia/Vermelho
Pesquisa DataFolha divulgada nesta segunda-feira (2) revela números preocupantes em relação à violência contra a mulher. De acordo com o levantamento, 2,4 milhões de brasileiras sofreram agressões físicas entre junho de 2023 a junho de 2024.
Os números saltam aos olhos se comparado com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança segundo os quais, no ano passado, foram registradas 258.941 lesões corporais dolosas contra mulheres.
A pesquisa aponta que “um em cada quatro brasileiros diz que conhece mulheres vítimas de violência doméstica praticada por parceiros íntimos, como namorados, maridos e ex-companheiros”.
Trata-se de uma parcela de 27% da população, que corresponde a quase 45 milhões de pessoas em todo país, e as respostas se referem a agressões praticadas num período de 12 meses anteriores à data da pesquisa.
A socióloga Isabele Matosinhos, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que encomendou o estudo, afirma que os casos de lesão corporal contra mulheres correspondem a 709 registros por dia.
“Já a pesquisa de vitimização do Datafolha aponta para 6.790 agressões físicas a cada dia no período de 12 meses pesquisado”, destaca.
A pesquisadora explica que as duas estatísticas não são diretamente comparáveis, pois há diferenças na coleta de dados e na definição de cada ocorrência.
Contudo, ela reconhece uma “discrepância entre os dados oficiais e o que é possível aferir com base nos relatos da própria população”.
“Essa aproximação mostra, entre outros aspectos, a insuficiência das estatísticas oficiais para medir o fenômeno da violência contra mulheres, a importância de pesquisas de vitimização, além de reforçar a necessidade da expansão e aprimoramento de políticas públicas de proteção”, completa.
Ela diz que a violência contra a mulher é um problema que vem crescendo no país. “Todas as formas de violência contra a mulher aumentaram em 2023, segundo registros oficiais”, assegura a pesquisadora.
O Datafolha entrevistou 2.508 pessoas com mais de 16 anos em todas as regiões do Brasil entre os dias 11 e 17 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Feminicídio zero
Em discurso recente, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destaca a mobilização nacional iniciada pelo governo em prol do feminicídio zero.
“Hoje, o que vemos infelizmente é um cenário com muitos desafios. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho: a cada 6 horas, uma mulher é morta vítima de feminicídio. Foram 1.467 mulheres assassinadas por serem mulheres em 2023, o maior registro desde a sanção da lei que tipifica o crime, em 2015, 63% delas são negras”, lamenta Cida.
O Anuário revela ainda que a cada 6 minutos, uma menina ou mulher sofre violência sexual e a cada 24 horas, 113 casos de importunação sexual são denunciados.
“Enfrentar a violência contra as mulheres é uma grande responsabilidade do Estado, de todas as esferas do governo e de todos os poderes, que têm o dever de investir recursos e implementar políticas, cada um em sua atribuição”, afirma.
Como poder público, diz a ministra, o governo tem atuado na prevenção, no enfrentamento e na reparação da violência.
Desde janeiro de 2023 até agosto de 2024, o Ministério das Mulheres investiu mais de R$ 389 milhões em políticas para enfrentar a violência de gênero.
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