Quem defende o quê?*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Parece quase unânime a percepção de que Jair Messias Bolsonaro atrapalha a sua própria defesa perante o STF quando se pronuncia de público — atabalhoado, falso, agressivo e até desrespeitoso para com o vernáculo.
Que fale mais e continue afundando. Contraditoriamente, assim ajuda a
democracia e o país.
Segurar ou não o boquirroto não é preocupação nossa, é da extrema
direita.
Do lado de cá da peleja, mais do que comemorar o andamento do processo
no STF cabe encarar a ampla, complexa e desafiante agenda da reconstrução
nacional.
Quanto a isso, estamos diante de adversários poderosos e permanecemos
enredados numa multiplicidade de tarefas nem sempre bem ordenadas e suas
prioridades estabelecidas.
Ir às ruas para pedir a condenação de Bolsonaro agora, sinceramente,
parece desperdício de argumentos e energias.
O julgamento segue em destaque no noticiário e é objeto da ingente guerra
digital via redes sociais.
É preciso encarar a absoluta e urgente necessidade de esclarecer as
maiorias sobre os propostas do governo Lula e os empecilhos que têm encontrado.
Discutir o peso e as consequências do domínio do capital financeiro, de
mãos dadas com o agronegócio exportador e pujante no complexo midiático
dominante.
Relacionar as agruras cotidianas com os caminhos e descaminhos da nação,
articulando didaticamente o particular e o geral e assim elevando o nível de
compreensão não apenas de militantes e ativistas da luta popular, mas
igualmente de parcelas crescentes da população.
Por que seguimos praticando taxas de juros das mais elevadas do mundo? Quem
se beneficia com isso e quem se prejudica?
Quais as múltiplas causas do aumento dos preços dos alimentos e o
alcance das medidas adotadas pelo governo?
A agenda é vasta e diversificada. O debate há de ser permanente, tanto
quanto a experimentação de formas de luta e de organização que pareçam
adequadas às atuais circunstâncias.
Outro Brasil é possível? Sim, em duas dimensões: novos rumos embasados
no enfrentamento de problemas estruturais que afligem a vida da maioria; e,
numa percepção mais larga, a possibilidade de superação do capitalismo pelo
socialismo.
Parece um discurso genérico, mas não é. São pinceladas que ajudam a nos
mobilizarmos com os pés no chão e visão larga — nas redes, nos salões, nos mais
diversos ambientes da vida cotidiana e nas ruas.
Como diria um velho líder popular pernambucano: "é por aí".
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho www.vermelho.org.br
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Leia também: Os muitos reencontros no Encontro do PCdoB https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/03/minha-opiniao_23.html
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