Mais na mídia do que
nas ruas
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Enfim, a campanha
eletrônica consolida sua primazia em relação à mobilização de rua. Do chamado
horário gratuito às entrevistas, sabatinas e debates na TV e no rádio,
incluindo repercussão através das redes sociais, trava-se intenso embate em
toda parte.
Em âmbito nacional e
nos estados.
Já não são as grandes
manifestações públicas — passeatas, comícios — que dão tom da campanha
eleitoral.
A campanha à
reeleição do governador Flávio Dino, do Maranhão, ainda é uma das poucas
exceções.
A presença dos
candidatos nas ruas serve principalmente para produzir imagens que possam ter
ressonância e aderência quando difundidas através das diversas mídias.
Numa campanha de
tempo encurtado em relação aos pleitos passados, vale tudo para fixar a imagem
dos candidatos e ideias força sobre o que propõem realizar, uma vez eleitos
presidente ou governador.
Porém no meio do
caminho há empecilhos que concorrem menos para esclarecer e mais para
confundir. Ou, no mínimo, para manter o debate num nível superficial,
insatisfatório.
Talvez o exemplo mais
emblemático esteja nas entrevistas de 30 minutos, com candidatos à presidência
da República, realizadas pelos apresentadores do Jornal Nacional, da Rede
Globo.
Embora abordem
questões relevantes — saída para a crise fiscal, enfrentamento do desemprego e
da violência criminal ou mesmo a posição em relação a questões hoje epidérmicas
na sociedade brasileira, a igualdade e a identidade de gênero, por exemplo —,
repete-se o cortejo de “pegadinhas“ destinadas a constranger o entrevistado.
Isso em detrimento da explicitação de ideias programáticas.
Nos debates na TV e
no rádio já realizados, envolvendo candidatos à presidência e a governador, as regras
muito rígidas e a imposição de tempo excessivamente curto para respostas dos
candidatos os constrangem à tentativa de deixar apenas boa impressão, através
de frases de efeito ou de um gesto mais agressivo.
De toda forma, a
exposição midiática do embate eleitoral, com todas essas limitações, rapidamente
reduzirá em muito o fastio de expressiva parcela do eleitorado em relação às
eleições.
A maioria votará sim,
pois há uma percepção difusa e algo imprecisa por parte da maioria da população
de que, apesar de todas as frustrações, será através do voto que a situação
poderá mudar.
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