Volpi
O caráter nacional dos partidos
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Na semana que antecedeu a celebração das alianças tendo em vista o pleito de outubro, em alguns partidos tensões internas se elevaram a ponto de prevalecerem normas estatutárias como forma de dirimir controvérsias. E assim o objetivo nacional se sobrepôs a interesses regionais.
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Na semana que antecedeu a celebração das alianças tendo em vista o pleito de outubro, em alguns partidos tensões internas se elevaram a ponto de prevalecerem normas estatutárias como forma de dirimir controvérsias. E assim o objetivo nacional se sobrepôs a interesses regionais.
Certo ou errado?
Errado para alguns críticos que,
contraditoriamente, cobram coerência aos partidos brasileiros, e afirmam que as
decisões não poderiam ser tomadas "de cima para baixo", sem
considerar "a vontade das bases" ou a "autonomia das direções
locais" e assim por diante.
Certo se considerarmos que desde a
Constituição de 1946 os partidos políticos no Brasil passaram a ser entes
nacionais, diferentemente do que ocorria antes, quando inclusive
denominadamente se faziam locais — daí a existência do Partido Liberal do Rio
Grande do Sul, Partido Republicano de São Paulo e semelhantes.
E o caráter nacional dos partidos
não pode ser apenas formal. Há que expressar um pensamento uno acerca dos
problemas essenciais do País, consubstanciados em seus programas.
E, num pleito de caráter geral,
como o de outubro próximo, óbvio que o projeto nacional há que prevalecer em
relação a projetos de caráter regional ou local.
Pesam, entretanto, a enorme diversidade
regional e local que conforma a sociedade brasileira e a tradição de
partidos-mosaicos, formados por grupos independentes entre si.
Isto não quer dizer abstrair as
contingências locais, até porque a própria legislação eleitoral não impõe a verticalização
das coligações, por exemplo.
Assim, alianças em torno de
candidaturas à presidência da República não se repetem necessariamente na
disputa de governos estaduais.
Partidos coligados nacionalmente
se digladiam nos estados e vice-versa.
Para que uma desejada
"coerência verticalizada" venha a acontecer, impõe-se uma reforma
política realmente democrática e estruturante, que estabeleça o voto em lista
preordenada pelos partidos na disputa das cadeiras no parlamento e, portanto, o
programa partidário como elemento principal de escolha do eleitor.
Enquanto prevalecer o sistema
atual, que induz ao voto unipessoal e não programático, contradições internas subsistirão
no interior da maioria partidos.
Foge a essa regra o Partido
Comunista do Brasil por razões muito específicas, vinculadas ao seu caráter
ideológico e à sua base teórica e ao seu modelo estatutário de funcionamento.
O PCdoB, rigorosamente falando,
talvez seja o único partido nacionalmente uno, orientado por uma mesma linha em
todas as regiões do País.
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