10 fevereiro 2019

Uma crônica (minha) para descontrair


Hilma af Klint
Permanece por quê?
Luciano Siqueira

Quando a gente conta a idade por décadas (meu caso), aqui e acolá se surpreende prestando atenção a pequenas coisas do cotidiano, sem nem saber o motivo.

Como placas indicativas naqueles que antigamente se chamavam “estabelecimentos comerciais”. Ou seja, bares, restaurantes e congêneres.

Num tempo de comunicação direta e quase monossilábica, ainda se vêm coisas como "Estacionamento do restaurante Bom Sabor", quando bastaria a placa "Estacionamento", que no espaço contíguo ao restaurante é óbvio que está à disposição dos clientes.

Ou em quiosques comuns na orla, a placa "Vende-se coco verde", quando bastaria a inscrição "coco verde" ou mesmo um desenho ilustrativo.

Num restaurante de beira de estrada, placas indicativas: Sanitário exclusivo para pessoas do sexo masculino e, idem, do sexo feminino. Outros gêneros, necas.

Numa conceituada clínica do Recife, em amplo salão destinado aos clientes que aguardam atendimento, os dizeres em letras imensas: "clientes com consulta marcada, favor aguardarem neste recinto".

Pode ser coisa de idoso implicante, mas me reservo o direito de criticar certas bobagens ainda encontradiças (palavra que só gente antiga ainda usa) em nossos jornais diários. Tipo a manchete: "Governador viaja ao sertão do Moxotó para visitar obras do governo do estado". 

Pelo amor de Deus, não seria mais simples e direto escrever "Governador visita obras no Moxotó"? 

Agora, tem uma coisa que permanece nos jornais (e até em revistas), que sinceramente desconfio que serve apenas para manter a tradição: o tal "jogo dos sete erros".

Custa-me crer que nesse mundo de atividade febril e concorrência desenfreada tenha tanta gente interessada em descobrir aqueles erros contidos num desenho tosco e sem graça. 

Quem sabe alguns assinantes, dentre os leitores que nada têm a fazer viessem a reclamar se a seção fosse suprimida.

Palavras cruzadas, não. Acredito que ainda movimentem um certo número de interessados. Eu mesmo de vez em quando arrisco preencher aquelas espaços destinados a traduzir conceitos e situações nem sempre comuns. 

Mais ainda porque ganharam fama, recentemente, quando recomendadas como exercício intelectual útil à prevenção do Mal de Alzheimer.

Então, que se mantenham as ditas cujas.

E me seja permitido seguir com minhas implicâncias...

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