16 maio 2020

Insensibilidade e ganância

O ditado popular da pimenta e do refresco
Alexandre Machado*

O governo federal e os empresários estão sabotando as corretas medidas de isolamento dos governadores com o argumento mentiroso, mas fácil de enganar e obter apoio principalmente da população carente, que salvar emprego é salvar vidas por evitar a fome. Alegam que a volta ao trabalho e o retorno da atividade econômica resultará no prato de comida na mesa do pobre, embora o fim da quarentena provoque alguns milhares de mortes a mais.
Fico imaginando a possibilidade da existência de alguma força superior que apresentasse a esses empresários e comerciantes a seguinte proposta:
"Ok. Vou salvar a economia e seus negócios, mas com uma condição; entre os mortos decorrentes dessa liberalização vão estar obrigatoriamente ou você ou um filho seu. Topa? Trocaria o refresco pela pimenta?"
O jumento psicopata afirma e concorda que será necessária a contaminação de 70% da população para que a doença seja controlada.
Considerando esse raciocínio jumentesco teríamos no país cerca de 147 milhões de infectados. É sabido que apenas 20% desses adquirem a forma grave da doença, ou seja, cerca de 30 milhões de pessoas. Estimando uma taxa de mortalidade de 5% (as da França, Itália e Espanha foram 10% ou mais) teríamos a morte de 1.500.000 pessoas.
Como não ha sistema de saúde no mundo que suporte essa quantidade repentina de pacientes mais mortes aconteceriam por falta total de atendimento para o Covid-19 e também para as outras doenças que matam diariamente a população.
Como defunto não trabalha e nem consome, o resultado dessa medida baseada no egoísmo, na irresponsabilidade e na ganância não evitaria mas provocaria um caos econômico ainda maior, associado a uma tragédia humanitária.
Mas no Brasil atual, quem não tem olho nem cérebro não se torna rei, é eleito presidente.
*Médico ortopedista, professor das Universidades Federal de Pernambuco e Universidade de Pernambuco

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