Parado, o futebol brasileiro pega fogo
Pedro Caldas*
Antes mesmo da pandemia da Covid-19, o futebol brasileiro já se encontrava em uma encruzilhada tensa e complexa. No caldeirão, o projeto de clubes empresa, a democratização de clubes (processo pelo qual passa o meu Santa Cruz), crises em grandes clubes como o Cruzeiro e o Sport e a violência que sempre ronda os estádios.
A pandemia levou essas contradições, debates e desafios do futebol brasileiro ao extremo. De um lado, cartolas, federações estaduais e empresários cobram dos governos e da CBF a volta dos jogos. Do outro, torcedores, movimentos de democratização e parte da imprensa esportiva defendem a paralisação até que a pandemia diminua ou passe.
Simplificando é mesmo debate que acontece em outros setores da sociedade, economia versus proteção da vida, com dois agravantes: 1 - o futebol é exemplo para as pessoas, 2 - futebol sem torcida é futebol?
Na semana em que clubes do Rio de Janeiro se reuniam com Bolsonaro para pedir a volta do futebol, aconteceu a segunda rodada do Campeonato Alemão durante a pandemia. Sem torcida e com um limite de 300 pessoas trabalhando por jogo, o campeonato se tornou exemplo (positivo e negativo) para os que debatem sobre o esporte.
A falta de torcida no campeonato que leva em média 40 mil torcedores por jogo, diminuiu as vitórias dos que jogam em casa (3 vitórias de mandante em 18 jogos), mas além da perda de competitividade, o retorno do futebol por lá aumentou os debates sobre o modelo de futebol e o afastamento dos torcedores nas decisões sobre o esporte.
Por aqui, com a curva de casos e mortes crescendo muito todo dia não deveríamos nem estar discutindo sobre a volta do futebol. Cartolas e empresários deviam se concentrar no fortalecimento de ações de solidariedade e em conseguir acordos e recursos para garantir os salários dos funcionários.
Como torcedor apaixonado não tenho pressa no retorno dos jogos, nesse momento o Brasil precisa se concentrar em combater o Coronavírus. Quanto mais forte for o isolamento, mas rápido voltarei às arquibancadas do Arruda. Até lá, fico feliz em relembrar conquistas históricas do Santa Cruz e em comprar ingressos virtuais.
* Pedro Caldas é Secretário de Comunicação da UJS Recife, estudante de Rádio, TV e Internet na UFPE e integrante do Coletivo Nacional de Comunicação da UJS
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