Guedes diz
que “economia começa a colapsar” e Bolsonaro já teme convulsão social
Em reunião com governo e
industriais, presidente do STF sugeriu criação de comitê para discutir
reabertura total da economia com entes federados e outros poderes
Cintia Alves, Jornal GGN
O ministro da Economia
Paulo Guedes afirmou nesta quinta (7), em reunião com o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Dias Toffoli, que o empresariado brasileiro está “emitindo
sinais” de que a economia vai “colapsar” e que medidas precisam ser tomadas com
urgência para “evitar que o Brasil vire uma Venezuela”. Jair Bolsonaro, que
levou os representantes do setor industrial ao encontro, mostrou que está mais
preocupado com eventual convulsão social do que com o impacto humano do
coronavírus.
“Os
sinais que eles estavam nos passando eram de que estavam conseguindo preservar
os sinais vitais [da indústria, mesmo com as restrições sociais]. Agora está
difícil, estão dizendo que a economia está começando a colapsar, e não queremos
o risco de virar uma Venezuela”, disparou Guedes.
“Embora
tenhamos lançado dois ou três meses de camada de proteção [às empresas e aos
trabalhadores], talvez os sinais vitais não possam ser preservados por tanto
tempo. Talvez a indústria entre em colapso antes. E aí, em vez de nós sairmos
como um urso que estava hibernando, que quando sai, sai forte, talvez seja o
caso de colapso total da economia”, endossou o ministro.
O grupo do setor
industrial levado ao STF por Bolsonaro representa 30 milhões de empregos e 45%
do PIB. Os empresários pediram a flexibilização imediata da quarentena em todo
o País.
A
Toffoli, um dos empresários do ramo de brinquedos disse que a preocupação é que
quando o auxílio oferecido pelo governo chegar ao final, a folha de pagamento
voltará a ser de responsabilidade exclusiva dos empregadores, que estarão
“fragilizados” porque não há produção em andamento.
Eles alertaram que haverá quebra de empresas
nacionais se o mercado interno tiver de abrir as portas para a concorrência,
que estará mais estabilizada porque outros países sairão da quarentena antes do
Brasil.
Os empresários também
afirmaram que já desenvolveram com o Ministério da Economia um protocolo de
segurança para retomar as atividades sem prejudicar a saúde dos trabalhadores,
e reforçaram que não podem aguardar mais. “A indústria está na UTI, e se não
sair, a consequência vai ser gravíssima”, comentou um deles.
Bolsonaro
falou em “coragem” e “união” entre os poderes para atender ao “clamor dos
empresários”. Ele criticou, mais uma vez, as medidas o isolamento e suspensão
de atividades econômicas determinados pelos governadores.
“Alguns
estados foram um pouco longe nas medidas restritivas e as consequência estão
batendo na porta. São 38 milhões de informais que perderam a renda ou a tiveram
reduzida. Na formalidade,
estamos batendo na casa dos 10 milhões de desempregos. Este número tende a crescer. Os empresários nos trouxeram o medo de colapsar a economia.”
estamos batendo na casa dos 10 milhões de desempregos. Este número tende a crescer. Os empresários nos trouxeram o medo de colapsar a economia.”
Dias Toffoli, por sua
vez, fez um balanço positivo das ações deflagradas contra o coronavírus nos
dois primeiros meses de pandemia.
“O
país conseguiu conduzir muito bem essa situação. Apesar daquilo que aparece na
imprensa, uma coisa aqui, outra coisa aqui, a verdade é que as instituições
funcionaram, os ministérios funcionaram, o SUS funcionou, as medidas que o
governo
adotou e o Congresso Nacional aprovou (…) foram extremamente importantes para que o país não entrasse numa situação de calamidade pública”, avaliou.
adotou e o Congresso Nacional aprovou (…) foram extremamente importantes para que o país não entrasse numa situação de calamidade pública”, avaliou.
O presidente do STF afirmou ainda que os
estados e municípios devem respeitar as diretrizes da União e sugeriu a criação
de um comitê para discutir, “de maneira coordenada”, a reabertura da economia
com outros poderes e entes federados.
“Se for ver, as pessoas
hoje estão saindo às ruas porque estamos numa situação em que as pessoas já
querem sair. Então tem que ter essa saída de maneira coordenada. E aí é
fundamental coordenação com estados e municípios.”
“Temos
uma Constituição que garante competências especificas para entes da federação,
e é isso o que o Supremo tem decidido, mas tem de respeitar as orientações da
União, as competências nacionais de orientação quanto às atividades essenciais,
atividades de transporte e produção”, disse Toffoli.
Bolsonaro
demonstrou temor com protestos e eventual convulsão social por causa da ameaça
de colapso na economia.
“Temos um bem maior que
nossa própria vida, que é a liberdade, não podemos perder a liberdade no
Brasil. Não podemos ver, mais cedo ou mais tarde, a continuar como está a
situação econômica, assistir a saques, assistir a manifestações populares que
já vimos no passado, em situações que não eram sequer próximas a essa. Nós
entendemos que as medidas econômicas tomadas pelo Guedes é que estão mantendo a
população ainda em situação de equilíbrio, de razão acima da emoção”, comentou
o presidente.
“Todos
nós temos o mesmo propósito, mesmo ideal, que é o Brasil voltar à normalidade.
Preocupados com a vida, sim, mas a questão do emprego, da economia, isso também
é vida”, concluiu Bolsonaro.
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