11 abril 2021

Diferentes concepções


Diferenças estratégicas entre Flamengo e Palmeiras tornam jogo mais agradável

Time carioca prioriza ocupação do campo adversário, e paulista, contra-ataque rápido

Tostão, Folha de S. Paulo

 

 

Neste domingo (11), se não aparecer uma nova liminarFlamengo, campeão do Brasileiro, e Palmeiras, campeão da Copa do Brasil, disputam o título da Supercopa.

O Palmeiras não terá Luiz Adriano, infectado pela Covid-19. Ele, em quarentena, levou a mãe ao supermercado e atropelou um ciclista. Mais um jogador irresponsável.

Flamengo e Palmeiras possuem diferentes estratégias. Isso torna o jogo ainda mais agradável. O Flamengo costuma pressionar, ter o domínio da bola e do jogo e atuar, na maior parte do tempo, no campo adversário. O Palmeiras prioriza a marcação um pouco mais atrás e o contra-ataque rápido, com bolas longas. Mas a principal qualidade das duas equipes é o talento dos jogadores, mais os do Flamengo.

Um jogo parecido, pela estratégia, foi o clássico europeu entre Bayern e PSG. O Bayern, como é habitual, dominou toda a partida, teve mais posse de bola e chances de gol --fez dois--, enquanto o PSG ficou mais atrás, fez três gols e contra-atacou, ao utilizar duas linhas de quatro recuadas e dois no ataque. Dois craques, Neymar e Mbappé, ideais para enfrentar o time alemão, que avança e deixa espaços na defesa.

Na terça-feira (13), os dois times devem manter a postura, mas o resultado pode ser outro. O confronto continua indefinido, sem favorito.

Lewandowski deve ficar novamente fora. Fez falta. No PSG, Marquinhos, que se contundiu durante o jogo, provavelmente também estará ausente. Marquinhos já merece estar na lista dos melhores zagueiros do mundo.

Neste domingo, tem outro clássico, entre Cruzeiro e Atlético, pelo Campeonato Mineiro. São cem anos de história. O Atlético possui melhores jogadores, mas, diz o chavão que "clássico é clássico" e "que não há favorito". Não é bem assim. Em todo o mundo, os melhores ganham mais vezes os clássicos. De 1965 a 1970, após a inauguração do Mineirão, o Cruzeiro, que era muito superior, venceu quase todas as partidas contra o Galo.

Antes do Mineirão, o clássico mais importante em Minas, chamado Clássico das Multidões, era entre Atlético e América. Cruzeiro e Atlético também pegava fogo. Em uma das partidas, no Independência, houve um grande tumulto, todos os jogadores foram expulsos, mesmo quem tentou apartar. Foi minha única expulsão na carreira. Perdi o direito de ganhar o Troféu Belfort Duarte, dado, na época, aos atletas que ficavam pelo menos dez anos sem serem expulsos.

Em outro clássico, também no Independência, houve, antes da partida, uma disputa entre os pais de santo dos dois times. Fumaça e pássaros subiam das mandingas. Os torcedores vibravam. Falam que deu empate.

Em 1967, no Mineirão, todos os jogadores do Atlético, bastante nervosos, foram expulsos por agredirem o árbitro, após a marcação de um pênalti para o Cruzeiro. A partir de 1970, o Cruzeiro caiu, e o Atlético formou ótimos times, como o que foi campeão brasileiro de 1971, e melhor ainda o que teve, anos depois, Reinaldo, Luizinho, Cerezo e Éder.

Nos últimos 50 anos, Cruzeiro e Atlético passaram a fazer parte, com regularidade, das grandes equipes brasileiras. O clássico, que era mineiro, tornou-se também nacional. Brevemente, quem sabe veremos mais um clássico pela Série A do Brasileiro?

As rivalidades são essenciais e fortalecem o futebol, desde que não sejam justificativas ou atenuantes para a violência, dentro ou fora de campo. É preciso melhorar a qualidade do espetáculo. Somente assim o futebol vai evoluir, se tornar mais rentável e prazeroso.

Uma dica de leitura para quem gosta de Ariano Suassuna https://bit.ly/3whh2hh

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