Trapaças da conexão digital
Luciano Siqueira
Longe de mim subestimar as imensas
vantagens da comunicação via internet. Sob todos os aspectos.
Delas sou beneficiário cotidiano.
Quando algo não funciona bem, até como
gesto de gratidão deveria ter a paciência que não tenho.
Irrito-me.
Tomo como desastre horrível um pequeno
acidente.
Como nesses primeiros dias do ano,
ainda dedicados ao breve descanso, na praia onde estamos justamente o meu
smartphone não conecta satisfatoriamente a internet.
Nem o laptop.
O Wi-fi gentilmente cedido pelo vizinho
serve bem a todos, menos a mim.
"Pode ser a antena do seu
celular", observa meu genro que entende do assunto.
Ligações são interrompidas sem se saber
como e porquê.
Pelo WhatsApp é quase impossível uma
troca de mensagens.
Estranhamente ainda dá para me
comunicar pelo direct do Instagram.
De uma parte, reconheço, o acidente até
que me ajuda a controlar o impulso da comunicação com os que estão na labuta para
tentar resolver assuntos que poderão ficar para segunda-feira.
Porém há sempre a necessidade de um
contato, ainda que breve, com militantes empenhados em tarefas urgentes.
Ou a busca de uma informação mais
detalhada acerca de uma notícia de destaque na cena política.
Mas tudo fica pela metade, ou nem isso.
E é uma chatice ler os avisos de que
algo de errado acontece com a nossa conexão.
O jeito é aguardar segunda-feira para
retomar plenamente as atividades que, múltiplas e exigentes, me reconduzirão ao
ritmo alucinante de sempre.
Alguém diz aqui: "Só assim você
descansa de verdade."
Pode ser.
Como diz o velho ditado popular,
araruta tem seu dia de mingau.
Com internet precária, tirante a
irritação natural de quem está habituado a resolver as coisas em tempo real,
assim tive meus dias de literatura, música, boa conversa e descanso na rede da
varanda...
Menos mal.
Como diria o poeta Caucaso, "são
as desgraças da sorte, são as traças da paixão", traduzidas nas trapaças
da comunicação digital.
.
Fique sabendo,
em cima dos fatos https://bit.ly/3n47CDe
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