Caminho curto engana
Luciano Siqueira
Nesta atribulada terceira década do
século 21, tudo parece conspirar em favor do que se supõe "mais
prático", no sentido de se obter o que se deseja pelo caminho mais curto.
Esse é o fascínio da informação em
tempo real, via internet.
E das soluções práticas aparentemente
descomplicadas.
Para o fazer rotineiro cotidiano pode
até ser. Para compreender o sentido da vida, não.
Porque o mundo é muito mais complexo do
que aparenta.
Por isso, Karl Marx advertiu que se a
essência fosse igual à aparência não haveria necessidade da ciência.
E a ciência existe justamente para
esclarecer o que não está facilmente visível.
Ou aparentemente compreensível.
Vale para esse o infinito universo
objeto de sofisticadas pesquisas e projeções matemáticas, vale para a engrenagem
da sociedade humana e até para as relações interpessoais.
Sem querer complicar, a compreensão do
que se passa na vida material e na consciência das pessoas nem sempre se
alcança pelo caminho mais curto e em linha reta.
Frequentemente, para que a gente se
entenda é necessário buscar pacientemente enxergar o que não estamos vendo por
caminhos aparentemente labirínticos ou complicados.
Sim, pacientemente — sem ansiedade do
tal "em tempo real" das plataformas digitais.
Livre de armadilhas algorítmicas.
Afinal, a razão está com o poeta
Fernando Pessoa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."
[Ilustração: Jakcson Pollak]
.
De antenas ligadas no que acontece https://bit.ly/3n47CDe
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