Palavra de poeta: Adalberto Monteiro
Desculpa, moço
Adalberto Monteiro*
Vinha veloz na avenida
Driblando e saltando obstáculos
Talvez correndo para pegar
Uma pipa que desabava,
Pois em julho venta muito por aqui.
Tinha uns 8, 9, vá lá, quando muito
Uns 10 anos.
Na verdade, um fugitivo.
Na calçada, acossado por uma moto
Levou as mãos ao alto.
- Os bracinhos finos como os galhos
De uma infante árvore do Cerrado—
Trêmulo, acuado, infantilmente,
Pediu desculpas e devolveu
O objeto do furto.
E saiu pela calçada,
A criança “parda”,
Chinelo de dedo, bermudinha preta,
E uma camiseta branca surrada de algodão.
[Ilustração: Neves e Souza]
*Jornalista, poetaVeja: A poesia em seus lugares e cores https://bit.ly/3BKdwhd
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